O brasileiro Aryeh Shiri, de 77 anos, sobreviveu a um ataque a tiros em Jerusalém nesta segunda-feira, 08 de setembro. O episódio ocorreu após o ônibus em que ele viajava apresentar uma pane e parar em um ponto da cidade. Poucos minutos depois, dois homens armados abriram fogo contra civis, deixando seis mortos e ao menos 30 feridos, segundo autoridades israelenses.
Relato do sobrevivente
Nascido em Israel e residente no Brasil há quase sete décadas, Shiri contou que havia descido do ônibus momentos antes dos disparos: “Desci do ônibus e quando cheguei à parte de trás [do veículo], começou o tiroteio”, disse. “Se estivesse na parte de dentro, estava morto, porque estava bem atrás do motorista”.
Ele afirmou ter escapado “por um milagre”. Segundo seu relato, o som dos tiros foi inicialmente confundido com barulhos de obras próximas. “Depois que percebi que o motor do ônibus morreu, desci e fiquei atrás do veículo. Demorou, então, cerca de 30 segundos para os tiros começarem. Inicialmente, não identifiquei os tiros pelo barulho de obras que tem no entorno.” Ele acrescentou que, quando percebeu a correria, fugiu e viu “corpos no chão e pessoas feridas”.
Dinâmica do ataque
A polícia informou que os atiradores chegaram em um carro por volta das 10h15 (horário local) carregando armas, munições e uma faca. Eles dispararam contra as pessoas que aguardavam no ponto de ônibus. O confronto terminou quando um soldado israelense e um civil reagiram, matando os dois homens no local.
As vítimas foram identificadas pela imprensa israelense como Yosef David, de 43 anos; Mordechai Steintzag, de 79 anos; Yaakov Pinto, espanhol de 25 anos; Levi Itzhak Pash; Israel Metzner; e Sarah Mendelson, de 60 anos. Entre os feridos havia uma mulher grávida. Os autores do ataque foram identificados como Muthanna Omar, de 20 anos, e Muhammad Taha, de 21 anos, moradores da Cisjordânia.
Shiri aparece em um vídeo gravado durante o ataque, caminhando com dificuldade por causa de um problema no joelho e segurando uma sacola. Após a ação, ele recebeu atendimento de policiais e conseguiu retornar à casa da filha, que vive em Jerusalém há mais de 30 anos.
Reação de autoridades
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, esteve no local do ataque: “Estamos em guerra contra o terrorismo”, declarou. “A guerra continua na Faixa de Gaza e, infelizmente, também em Jerusalém”.
O presidente Isaac Herzog exaltou os “extraordinários atos de heroísmo” de quem enfrentou os atiradores. O ministro da Defesa, Israel Katz, afirmou que “as consequências mais severas e de longo alcance” serão aplicadas e que Israel “perseguirá o terror em todos os lugares”.
A União Europeia condenou o atentado e pediu cessar-fogo. O presidente da França, Emmanuel Macron, também se pronunciou contra a escalada da violência, defendendo uma solução política como caminho para a estabilidade.
Repercussão internacional
O Hamas e o grupo Jihad Islâmico elogiaram a ação e descreveram os agressores como “combatentes da resistência”, embora não tenham reivindicado autoria, de acordo com a Revista Oeste. Este foi o ataque mais mortal em Jerusalém desde 2023, quando três pessoas foram mortas em outro atentado em um ponto de ônibus.