Tecnologia como ferramenta de missões: conheça inovações

A tecnologia tem sido apontada como aliada estratégica na obra missionária, ampliando o alcance da pregação do Evangelho para regiões remotas e públicos antes inacessíveis. Ferramentas digitais, inteligência artificial, aplicativos de comunicação e plataformas online têm transformado a forma de compartilhar a mensagem de Jesus, com foco no cumprimento do “Ide”.

O diretor-executivo da Junta de Missões Mundiais (JMM), pastor João Marcos Barreto Soares, descreve o uso de tecnologias para expandir a divulgação do Evangelho, inclusive em países onde a pregação é proibida. Segundo ele, a comunicação evangelística por vias digitais acelera processos e aumenta a eficiência. “Temos trabalhado com diferentes recursos, desde aparelhos que possibilitam ouvir a Bíblia na própria língua, até aplicativos e plataformas alternativas em locais onde Facebook, WhatsApp, Instagram ou TikTok não são acessíveis”, afirmou.

De acordo com a JMM, missionários recebem treinamento para atuar no ambiente digital, utilizando chats, bate-papos e aplicativos para estabelecer contato e manter comunicação eficaz. “Não posso dar muitos detalhes, porque esses recursos são utilizados, inclusive em países fechados ao Evangelho”, disse João Marcos. O pastor acrescenta que a instituição conta com profissionais dedicados a explorar essas ferramentas de forma estratégica. “Não há como completar a missão sem o uso das novas tecnologias em um mundo altamente digital.”

Em Curitiba (PR), a JMM, em parceria com a Juventude Batista Brasileira, promoveu um evento que desafiou jovens a criar um game missionário, com o objetivo de incentivar o engajamento na divulgação das Boas-Novas a povos não alcançados.

Chat IDE

A integração entre tecnologia e evangelização também se materializa no Chat IDE, ferramenta baseada em inteligência artificial desenvolvida para apoiar missionários e servos de Deus em atividades de evangelização. A iniciativa partiu do pastor Marcos Stier Calixto, da Igreja Batista de Uberaba, em Curitiba (PR), que atua em missões. “Conversei com pessoas da área de TI, que chamo carinhosamente de ex-ovelhas, e pedi que desenvolvessem a ferramenta seguindo a visão que Deus me deu. Assim nasceu o Chat IDE, voltado para missões”, relata Calixto.

O assistente opera diretamente pelo WhatsApp e foi criado para tornar a rotina missionária mais prática, oferecendo suporte rápido, acessível e gratuito em questões bíblicas.

O nome faz referência ao “Ide” de Marcos 16.15. Entre os recursos disponíveis estão explicações de textos bíblicos, conexões teológicas e interpretações contextualizadas. A ferramenta realiza traduções de mensagens, sermões e conteúdos missionários para diferentes idiomas e auxilia na elaboração de sermões, devocionais, esboços e outros materiais, revisando e adaptando textos conforme o público ou a situação de evangelização.

O funcionamento é simples: o missionário envia uma mensagem de texto ou áudio pelo WhatsApp, e a IA responde em texto com orientações, explicações ou sugestões práticas. Não há necessidade de cadastro ou assinatura. Caso o envio seja por áudio, a resposta segue em texto. Segundo a descrição, o sistema foi treinado especificamente para apoiar o trabalho missionário, em contraste com o ChatGPT, considerado mais generalista.

Ferramenta estratégica

Para a missionária Suely Lima, secretária-executiva do Serviço de Evangelização e Discipulado de Pré-adolescentes e Crianças (Sedac), da Convenção Estadual das Assembleias de Deus no Maranhão (Ceadema), a inovação não é um fenômeno recente no contexto eclesiástico. Ela observa que, desde os tempos apostólicos, a pregação do Evangelho se adaptou aos meios disponíveis, passando da oralidade à escrita, da iconografia à imprensa e, atualmente, à internet, às redes sociais e à inteligência artificial.

“No século 21, precisamos utilizar essas tecnologias de forma estratégica para propagar o Evangelho sem perder sua essência”, opinou, em entrevista à revista Comunhão.

Entre as soluções citadas por Suely estão softwares de tradução baseados em regras, estatísticas ou redes neurais, estes últimos impulsionados por inteligência artificial. Plataformas populares incluem serviços da Google, Microsoft e DeepL, que oferecem traduções rápidas e com boa precisão, ainda que dependam de revisão de falantes nativos para adequação cultural e linguística. Para ela, o uso de ferramentas digitais acelera o processo missionário, permitindo adaptação mais rápida de novos obreiros ao campo e possibilitando que igrejas em contextos restritivos recebam ensino e acompanhamento à distância. “Embora a tecnologia não substitua o toque humano, ela é essencial para alcançar públicos de difícil ou nenhum acesso.”

Maior alcance e acessibilidade

Mensagens instantâneas: aplicativos como WhatsApp e Telegram permitem comunicação em tempo real, compartilhamento de atualizações e coordenação de esforços, além de manter o discipulado mesmo quando o missionário está fora do país.

Videoconferência: plataformas como Zoom, Teams e Google Meet viabilizam reuniões virtuais, treinamentos e planejamento colaborativo em diferentes continentes, difundindo informações, pedidos de oração e boas práticas, e reduzindo a sensação de isolamento.

Histórias em redes sociais: recursos do Instagram e do Facebook oferecem meio ágil para mostrar o cotidiano, desafios e resultados a uma comunidade de apoio.

SEO e marketing de conteúdo: técnicas de otimização em mecanismos de busca ajudam organizações missionárias a alcançar quem busca temas ligados à fé, ajuda humanitária e apoio comunitário.

Anúncios no YouTube: campanhas segmentadas alcançam grupos com acesso limitado à mensagem do Evangelho, exibindo conteúdos que podem estimular a interação com a mensagem enquanto assistem a outros vídeos.