Cidades bíblicas darão nomes a blocos de condomínio evangélico

Um projeto imobiliário em Nova Iguaçu (RJ) vem chamando atenção por propor uma experiência de moradia inspirada na Terra Santa, voltada exclusivamente ao público evangélico. O Residencial Clube Manancial da Fé, idealizado pelo empresário Alcindo Plácido, pretende unir conforto, espiritualidade e segurança em um mesmo espaço, segundo definição do próprio empreendedor.

Localizado na Baixada Fluminense, região onde cerca de 40% da população acima de 10 anos se declara evangélica, o empreendimento foi concebido para recriar um ambiente de convivência com referências à fé cristã. O projeto prevê 22 blocos de apartamentos, batizados com nomes de cidades bíblicas como Jerusalém, Jericó, Betânia, Nazaré e Belém.

O condomínio oferecerá 420 unidades, com opções de 44 m², de dois quartos, e versões maiores de 51,5 m² com garden. A infraestrutura incluirá piscinas, quadras esportivas, academia, espaços gourmet, pet place e jardins, buscando integrar lazer e bem-estar a um ambiente considerado “consagrado”.

O modelo de financiamento acessível também é um atrativo: as prestações partirão de R$ 600 mensais, com valor médio de R$ 260 mil por imóvel.

Fé e moradia

O Residencial Clube Manancial da Fé é a terceira iniciativa de Alcindo Plácido na tentativa de lançar empreendimentos temáticos religiosos. Duas propostas anteriores não chegaram a ser concretizadas, mas o empresário conseguiu lançar o loteamento Reserva da Paz, também em Nova Iguaçu, cuja proposta era reservar o espaço “para irmãos na fé”.

“Quando você entrega um produto alinhado aos valores das pessoas, cria algo que vai além da moradia: cria comunidade. Além de ser tendência, é também uma oportunidade de negócios”, declarou Plácido ao Uol.

A moradora Paula Barbosa, que vive no Reserva da Paz, afirmou que o formato “religioso e comunitário” foi um diferencial importante, especialmente em um contexto de alta criminalidade. De acordo com o Atlas da Violência 2024, Nova Iguaçu apresenta 35,8 mortes por 100 mil habitantes, índice que preocupa moradores e reforça o apelo por ambientes seguros e coesos socialmente.

Fé e mercado

A proposta do condomínio, porém, divide opiniões. Críticos apontam que o projeto pode representar uma estratégia mercadológica que explora a religiosidade como nicho econômico. Já os defensores veem na iniciativa uma expressão legítima da fé e uma tentativa de promover convivência comunitária entre cristãos.

Segundo o portal Condomínio Interativo, muitos fiéis acreditam que empreendimentos desse tipo permitem uma “experiência bíblica” mais profunda, conectando a vida cotidiana à espiritualidade.

Para o idealizador, a proposta não se resume à moradia, mas à criação de um espaço que reforça valores cristãos e oferece um ambiente seguro para famílias evangélicas, reunidas por “afinidade”.

A previsão é que o empreendimento inicie as entregas em etapas nos próximos anos, consolidando-se como o primeiro condomínio temático de inspiração bíblica: “Até o momento, 2 mil pessoas se inscreveram, 60 unidades já estão reservadas e 35 contratos foram aprovados pela Caixa Econômica Federal. Percebemos que esse público busca um lar tranquilo, com valores semelhantes e estrutura de qualidade”.