A indicação do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) como pré-candidato à Presidência da República em 2026 tem sido objeto de análise por parte de lideranças políticas e religiosas alinhadas à direita, incluindo pastores.
A movimentação ocorre em um cenário no qual pesquisas de intenção de voto, como a divulgada pelo Datafolha no sábado (6), mostram o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) supostamente à frente em cenários de primeiro e segundo turno contra o senador.
O pastor e pesquisador Rodolfo Capler, da PUC-SP e líder da Igreja Batista Alternativa em Piracicaba (SP), analisou a disputa. “A distância nas pesquisas não me surpreende. Flávio não tem densidade eleitoral nacional e carrega desgastes acumulados, tanto os seus como os do pai”, afirmou. Para ele, o senador enfrenta o desafio de se apresentar como candidato próprio, e não como extensão do pai, Jair Bolsonaro.
Capler avaliou que a indicação parece ser uma solução para questões internas da família Bolsonaro. “Do ponto de vista político, Bolsonaro reage às circunstâncias, sobretudo ao cerco jurídico e à dificuldade de encontrar alguém plenamente alinhado a ele, mais do que projeta um caminho para ampliar sua base”, disse.
Ele também ponderou que a escolha pode fragmentar ainda mais a direita, que já se encontra dividida desde 2022, e fortalecer a posição do presidente Lula.
Sobre as declarações de Flávio Bolsonaro que associaram sua candidatura a uma negociação, incluindo o tema da anistia, Capler comentou: “Quando a disputa política passa a ser interpretada como mecanismo de autoproteção e não como projeto de país, a credibilidade do grupo se desgasta rapidamente”.
Outras perspectivas foram apresentadas. O pastor Jorge Linhares, presidente da Igreja Batista Getsêmani em Belo Horizonte (MG), vê a indicação como uma estratégia para manter o nome da família em evidência.
“O ex-presidente indicou alguém da confiança dele, que manteria o nome Bolsonaro em evidência. Então, escolheu um senador, que é seu filho, exatamente para saber com quem pode contar”, afirmou. Linhares destacou que a escolha do candidato a vice-presidente na chapa será um elemento crucial.
Já o pastor Álvaro Oliveira Lima, presidente da Convenção Evangélica dos Ministros das Assembleias de Deus no Estado do Espírito Santo (Cemades), descreveu a indicação como uma “bala de prata”.
“Para Jair Bolsonaro, a escolha de Flávio mantém o espólio eleitoral familiar concentrado dentro da família, o que evita dispersão imediata do eleitorado fiel”, explicou. No entanto, ele também reconheceu que a medida pode desagradar setores da direita que prefeririam um nome como o do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Por fim, o pastor José Ernesto Conti, líder da Igreja Presbiteriana Água Viva em Vitória (ES), interpretou a movimentação como uma jogada estratégica calculada.
“Tenho certeza de que Bolsonaro e sua família possuem muita experiência nessa área e não pisariam em falso”, declarou. Sobre as pesquisas eleitorais, Conti afirmou: “Pesquisa no Brasil é mais fantasia do que histórias de fadas e duendes. Não dá para levar a sério as pesquisas políticas no Brasil”. Com: Comunhão.