Pastor que renunciou após acusação de estupro vai abrir igreja

O ex-pastor Micahn Carter e sua esposa, April, anunciaram planos para abrir uma nova igreja em Indianápolis, no estado de Indiana, nos Estados Unidos, enquanto ele mantém uma ação por difamação contra uma ex-assistente que o acusa de estupro em 2019, em um escritório da igreja.

O anúncio foi publicado no Instagram em 05 de dezembro, com a previsão de lançamento da nova igreja no outono de 2026. A iniciativa ocorre mais de um ano depois de Carter, ex-líder da Igreja Together, em Yakima, no estado de Washington, ter voltado a atuar publicamente no ministério.

Carter e April lideraram a Igreja Together por 13 anos, até a renúncia dele em junho de 2019, após o que foi descrito como um “incidente inapropriado”, mais tarde associado a uma acusação de agressão sexual. O jornal Yakima Herald-Republic informou que Carter atribuiu o episódio a um transtorno bipolar que, segundo ele, não havia sido diagnosticado anteriormente, e disse ter buscado tratamento.

Em julho de 2020, Carter foi para a Church of the Highlands, no estado do Alabama, para participar de um programa descrito como de “restauração ministerial”. Durante esse período, a mulher enviou uma carta ao pastor Chris Hodges, líder da Church of the Highlands, acusando Carter de estupro e, depois, publicou suas alegações em um texto no Medium intitulado “Seguindo em Frente”. Carter renunciou ao cargo na Church of the Highlands após as acusações.

No relato publicado, a ex-assistente afirmou que o caso teria ocorrido em 29 de abril de 2019, em um escritório. “Esse evento não consensual e terrivelmente traumático me deixou incapaz de funcionar”. Ela também disse ter tido medo de procurar a polícia, autoridades da igreja ou atendimento hospitalar.

Carter afirmou que o encontro sexual foi consensual e processou a mulher no Alabama por pelo menos US$ 500 mil em danos. O Yakima Herald-Republic informou que o caso foi arquivado com resolução de mérito porque a suposta agressão teria ocorrido no estado de Washington, e não no Alabama.

Depois, Carter entrou com o processo em Washington. A mulher pediu o arquivamento do caso, mas o juiz Kevin Naugh, do Tribunal Superior do Condado de Yakima, negou o pedido em fevereiro de 2024. O processo seguia sem desfecho no período mencionado, enquanto Carter continuava a pregar em igrejas nos Estados Unidos.

Em um sermão recente na Igreja Revere, em Placentia, no estado da Califórnia, Carter classificou as alegações de estupro como “infidelidade”. “Em 2019, cometi o maior erro da minha vida. Por meio da infidelidade, fui infiel à minha esposa. Perdi uma igreja incrível que construí, um grupo incrível de pessoas que tive a oportunidade de pastorear. Perdi a cidade onde nasci e cresci. Perdemos a casa que estávamos construindo. Perdi minha reputação. Perdi a confiança. Perdi amigos de longa data”. “Nos últimos sete anos, tudo o que tenho feito é tentar garantir que minhas raízes estejam firmes em Deus e que eu possa construir a confiança da minha esposa, que ainda está comigo”.

Carter, de 46 anos, também afirmou que tem sido “assombrado” pelo passado e por “vozes”: “São as vozes. São as vozes dos outros e as vozes na nossa própria cabeça que tentam nos lembrar do que fizemos… e nos desqualificar para qualquer coisa boa. E eu ainda ouço essas vozes. Algumas dessas vozes estão nesta sala. Algumas dessas vozes estão online. Algumas dessas vozes estão na minha cabeça”.

De acordo com o The Christian Post, ao final ele declarou que “para algumas pessoas, o arrependimento nunca será suficiente, o novo modo de vida, a vida que você está tentando construir, nunca será suficiente, o desejo de agradar a Deus e fazer o certo nunca será suficiente, mas de uma coisa eu tenho certeza: o seu ontem, o seu passado, não é o fator decisivo para o seu amanhã ou para o seu legado”.