Praga bíblica? Fenômeno tinge de vermelho as águas do Golfo

As águas do mar no entorno da Ilha de Ormuz, no Irã, adquiriram uma tonalidade vermelha intensa nesta semana, devido a um fenômeno natural relacionado às chuvas. O evento, que começou na terça-feira, 16 de dezembro, transformou a paisagem da Praia Vermelha, atraindo a atenção de visitantes que por consequência lembraram da praga bíblica que recaiu contra o Egito.

De acordo com o jornal Independent, a mudança de cor ocorre quando a água da chuva entra em contato com o solo vulcânico da ilha, que possui alta concentração de óxido de ferro. Os riachos formados escorrem pelos penhascos, carregando os sedimentos avermelhados que tingem as águas costeiras do Golfo Pérsico.

Conhecido localmente como “Chuva de Sangue”, o fenômeno pode ocorrer em diferentes épocas do ano na Ilha de Ormuz. A ilha está localizada no Estreito de Ormuz, ponto de encontro entre o Golfo Pérsico e o Golfo de Omã, a aproximadamente 1.080 quilômetros ao sul da capital Teerã.

A singularidade geológica do local a tornou um destino popular para turistas e fotógrafos. O Observatório da Terra da NASA descreveu a ilha como “uma cúpula de sal”, formada por halita, gesso, anidrita e outros minerais evaporíticos que perfuraram camadas de rocha. “O sal-gema é fraco e flutuante, perdendo sua fragilidade e fluindo quase como um líquido sob alta pressão”, explicou a agência espacial em comunicado divulgado no início de 2025.

A Organização de Turismo do Irã destacou que o solo rico em minerais da ilha é utilizado na produção de corantes, cosméticos, vidro e cerâmica, além de ser um ingrediente na culinária local para molhos e geleias. “Caminhando ao longo da costa, é possível encontrar áreas onde a areia brilha com compostos metálicos, especialmente ao nascer ou pôr do sol”, informou a entidade.

O cenário incomum evoca uma passagem bíblica descrita no livro de Êxodo (7:18), que relata a transformação das águas do rio Nilo em sangue, como uma das pragas enviadas ao Egito: “Os peixes do Nilo morrerão, o rio ficará cheirando mal, e os egípcios não suportarão beber das suas águas”.