O roteirista Randall Wallace, conhecido por trabalhos realizados ao lado do ator e diretor Mel Gibson, afirmou em entrevista recente que o novo filme dirigido por Gibson — produzido em duas partes e centrado na Ressurreição de Jesus Cristo — teve origem em uma conversa entre ambos sobre a ênfase protestante na vitória de Cristo sobre a morte.
A declaração foi feita durante participação no podcast Verité Vision, exibido na terça-feira. Wallace relatou: “Estávamos jantando uma noite, só nós dois em Dallas, e eu disse: ‘Sabe, o que precisamos fazer é a Ressurreição’”. Ele afirmou ter mencionado diferenças de abordagem entre tradições cristãs, observando que, segundo relatos que ouviu, fiéis católicos destacariam mais a Paixão e a Crucificação, enquanto a Ressurreição receberia menos atenção explícita. Disse: “Um amigo católico meu disse que ‘quase nunca falamos da Ressurreição’”.
Membro de uma Igreja Batista, Wallace comparou o crucifixo presente em templos católicos, que representa Jesus na cruz, com a cruz protestante, habitualmente vazia. Ele contou que disse a Gibson: “Precisamos contar essa história”, lembrando que essa conversa ocorreu enquanto promoviam o filme Até o Último Homem (2016), que retrata a trajetória do soldado adventista Desmond Doss durante a Segunda Guerra Mundial.
Segundo Wallace, Gibson ouviu a sugestão em silêncio: “Mel é absolutamente brilhante, e eu sabia que ele estava ouvindo com muita atenção”. O roteirista afirmou ter se oferecido para iniciar o trabalho no roteiro, descrevendo o projeto como enfrentar “o Monte Everest de todas as histórias”.
Wallace relatou que Gibson disse que mandaria celebrar uma missa em sua intenção após ouvir a proposta e o alertou sobre possíveis “ataques espirituais” relacionados ao tema, segundo informado pelo Christian Today.
Wallace mencionou que tanto Gibson quanto o ator Jim Caviezel, intérprete de Jesus Cristo no filme original, relataram experiências espirituais incomuns durante as filmagens anteriores, incluindo o episódio em que Caviezel foi atingido por um raio. Citando Gibson, ele disse: “Satanás vai atrás de você”, ao que respondeu: “Mel, Satanás tem tantos batistas que nem se importa com eles”. Wallace afirmou ter enfatizado que Gibson provavelmente seria o principal alvo de eventuais ataques e que precisava de proteção em oração. Ele acrescentou: “É lindo quando alguém quer que uma missa seja celebrada por você, mas ele sabia que esse era o maior desafio a ser enfrentado”.
Wallace também relatou ter ouvido de Gibson que o filme deveria ser conduzido com motivação correta: “Uma das coisas que [Gibson] me disse foi: ‘Isso não pode ser por dinheiro, não pode ser para provar nada a ninguém. [Com] isso, nossos corações têm que ser puros’”. O roteirista afirmou ter percebido naquele momento o grau de dedicação de Gibson ao projeto.
O filme, intitulado A Ressurreição de Cristo, está previsto para estrear em 2027 e será dividido em duas partes, com roteiro coescrito por Gibson e Wallace. Segundo Wallace, Gibson descreveu a obra como “uma viagem de ácido”, afirmando que ela retratará uma guerra no reino espiritual. Wallace declarou: “Será algo nunca visto antes. Será um filme de tirar o fôlego. Pode ser algo perturbador e assombroso, mas será inesquecível”.
As filmagens começaram em outubro, com o ator finlandês Jaakko Ohtonen, de 36 anos, assumindo o papel de Jesus no lugar de Caviezel. As gravações ocorrem no novo Estúdio 22 da Cinecittà, em Roma, e na cidade histórica de Matera, no sul da Itália, além de outras localidades próximas, como Ginosa, Gravina, Laterza e Altamura.
O filme original, lançado em 2004, arrecadou US$ 610 milhões mundialmente e se tornou uma das produções independentes de maior bilheteria da história do cinema.