O ator britânico Anthony Hopkins, vencedor de dois prêmios Oscar, falou recentemente sobre o momento de transformação que o levou à sobriedade há quase cinquenta anos e redefiniu sua compreensão sobre a fé.
Em entrevista ao The New York Times, concedida antes do lançamento de seu livro de memórias We Did OK, Kid, o artista de 87 anos recordou o episódio que viveu em 29 de dezembro de 1975, quando dirigia embriagado pelas ruas da Califórnia e se deu conta de que poderia colocar vidas em risco.
“Recuperei o juízo e disse a um ex-agente meu, durante uma festa em Beverly Hills: ‘Preciso de ajuda’”. Hopkins contou que, ao olhar para o relógio, eram exatamente 23h. Naquele instante, descreve, ocorreu o que chamou de epifania: “Uma voz profunda e poderosa falou comigo de dentro e disse: ‘Acabou. Agora você pode começar a viver. E tudo teve um propósito, então não se esqueça de nenhum momento’”.
Reencontro com a fé
Desde aquele dia, Hopkins afirmou ter permanecido sóbrio. Disse que a voz soou “vocal, masculina, sensata, como uma voz de rádio”, e que o desejo de beber desapareceu quase instantaneamente. “Não tenho nenhuma teoria, exceto a da divindade — ou daquele poder que todos nós possuímos dentro de nós e que nos cria desde o nascimento. É uma consciência, eu acredito”.
O ator revelou ainda que, no final da década de 1970, viveu uma segunda experiência espiritual. Enquanto dirigia por Los Angeles, sentiu-se impelido a parar diante de uma igreja católica. Lá, contou a um padre que acreditava ter encontrado Deus: “O que aconteceu naquela manhã foi algo além da minha compreensão. Não era algo distante, lá em cima nas nuvens, mas aqui dentro. Escolhi chamá-lo de Deus, porque não havia outra forma de nomear”.
Novo propósito de vida
Em palestras e entrevistas, Hopkins tem relatado como a fé o ajudou a reconstruir sua vida. Em 2018, durante uma aparição na Universidade da Califórnia (UCLA), ele lembrou que, antes de abandonar o álcool, era “muito difícil de conviver” e frequentemente “acordava de ressaca”.
O ator relatou que, no mesmo mês de dezembro de 1975, conheceu uma mulher em uma reunião dos Alcoólicos Anônimos que lhe perguntou: “Por que você simplesmente não confia em Deus?”. A frase, segundo ele, marcou o início de sua libertação. “Depois disso, o desejo por álcool desapareceu — e nunca mais voltou”.
“Acredito que somos capazes de muito mais do que imaginamos. Eu deveria ter morrido no País de Gales, bêbado e perdido. Mas tudo foi destino — nada foi um erro. Podemos nos convencer da morte ou da melhor vida que já vivemos”.
Consciência e propósito
Hopkins, cuja carreira inclui papéis em O Silêncio dos Inocentes e Vestígios do Dia, refletiu também sobre o sentido da existência e alertou contra a busca por sucesso a qualquer custo. “Se você correr atrás do dinheiro, não vai dar certo. Se correr atrás do sucesso, também não. Viva como se o propósito já estivesse acontecendo agora. Aja como se já estivesse lá, e tudo se encaixará”.
O ator concluiu dizendo que sua história é prova de redenção e propósito, acrescentando: “Foi Deus quem me deu uma nova chance. A partir daquele dia, tudo mudou — e continuo grato, porque cada segundo da minha vida passou a ter sentido”.
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