Cidade transporta igreja histórica para novo local no centro

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Após dois dias de deslocamento, a Igreja de Kiruna, um dos marcos arquitetônicos da Suécia, chegou em 20 de agosto à sua nova localização no centro da cidade. Com 113 anos de história e pesando mais de 600 toneladas, a estrutura foi erguida de seus alicerces e transportada sobre um reboque projetado especialmente para a operação.

O trajeto, de aproximadamente cinco quilômetros, exigiu o alargamento de estradas sinuosas para permitir a passagem da construção. Durante o percurso, o retábulo e o órgão, que acompanham o templo, foram igualmente transportados e passarão por inspeção e restauração. A expectativa é que a igreja volte a ser utilizada entre o fim de 2026 e o início de 2027.

O edifício, pintado em vermelho e considerado uma das maiores construções de madeira do país, avançou a uma velocidade de cerca de meio quilômetro por hora. O transporte foi realizado com apoio de vigas e reboques reforçados. Segundo Kjell Olovsson, gerente de projetos da empresa Veidekke, responsável pela operação, o progresso foi mais lento no segundo dia devido a “pontos difíceis” encontrados no trajeto. O campanário, removido da estrutura principal, será realocado em 26 de agosto.

A transferência da igreja faz parte da reestruturação urbana de Kiruna, cidade localizada no Círculo Polar Ártico, que sofre com o afundamento do solo causado pela mineração da estatal LKAB. O projeto, iniciado há oito anos, conta com um orçamento de 500 milhões de coroas suecas (aproximadamente 53 milhões de dólares). Antes do deslocamento, a igreja recebeu uma bênção especial.

Mais de 10 mil pessoas acompanharam o transporte, incluindo o rei Carlos XVI Gustavo. A emissora pública SVT transmitiu o evento sob o título “Den stora kyrkflytten” (“O grande movimento da igreja”), instalando dezenas de câmeras ao longo do percurso.

Projetada pelo arquiteto Gustaf Wickman, a Kiruna Kyrka foi inspirada nas tradicionais cabanas lávu do povo Sami. No interior, abriga um retábulo pintado pelo príncipe Eugen, integrante da família real sueca, e um órgão com mais de 2 mil tubos, ambos embalados para proteção durante o trajeto.

Embora a reabertura esteja prevista apenas para 2026, o plano de realocação da cidade se estenderá até 2035. Ao todo, 23 edifícios culturais deverão ser transferidos. A LKAB classificou o processo como “um evento único na história mundial”.