O pastor Ted Barham, da denominação Evangélica dos Irmãos de Plymouth, em Dearborn, no estado de Michigan (EUA), declarou que os cristãos devem amar seus vizinhos muçulmanos e, ao mesmo tempo, permanecer firmes no mandamento de Cristo para agir com coragem diante da perseguição. A cidade de Dearborn é conhecida por abrigar a maior proporção de população muçulmana nos Estados Unidos.
“Sinto que o ódio é quase demoníaco em nosso país e em grande parte do mundo, e acho que realmente precisamos diminuir isso, defendendo nossos direitos como cristãos, em primeiro lugar; e em segundo lugar, não respondendo ao ódio com ódio, mas sim com amor”, afirmou Barham.
Conflito com o prefeito
Barham ganhou notoriedade após um embate com o prefeito Abdullah Hammoud, de 35 anos, muçulmano descendente de libaneses, durante uma reunião do conselho municipal em 9 de setembro. Hammoud chamou o pastor de “intolerante”, “racista” e “islamofóbico” depois que ele criticou a proposta de nomear ruas da cidade em homenagem a Osama Siblani, líder árabe-americano que teria elogiado o ex-comandante do Hezbollah, Hassan Nasrallah.
“Quero que saiba que, como prefeito, você não é bem-vindo aqui”, disse Hammoud durante a sessão. “E o dia em que você sair da cidade será o dia em que farei um desfile para comemorar o fato de você ter ido embora, porque você não é alguém que acredita na coexistência”.
O pastor respondeu pedindo a bênção de Deus sobre o prefeito — tanto na ocasião quanto em uma reunião posterior, em 23 de setembro, após o episódio ganhar repercussão internacional. “O prefeito, de certa forma, me amaldiçoou, como se viu no mundo todo. E eu gostaria de repetir o que lhe disse naquele dia, Sr. Prefeito: ‘Que Deus o abençoe’”, afirmou Barham diante dos vereadores.
Hammoud, que enfrenta eleições nesta semana, não se desculpou pelas declarações, embora tenha afirmado ao Detroit Free Press que parte da cobertura da imprensa foi “sensacionalista” e reiterado que Dearborn é “uma cidade que acolhe e abraça a todos”.
Dois pesos, duas medidas
Em entrevista ao The Christian Post, Barham disse que o episódio tornou-se um exemplo público do tipo de hostilidade que, segundo ele, muitos cristãos enfrentam no mundo. “Acho que esse foi um exemplo muito útil, porque os muçulmanos estão se tornando cada vez mais poderosos aqui no Ocidente”, declarou.
O pastor reconheceu o direito dos muçulmanos de exercer poder político em sociedades democráticas, mas afirmou que há “um duplo padrão” na aplicação da tolerância religiosa. “Não acho justo que os muçulmanos desfrutem de todos os privilégios que lhes concedemos em nossos países ocidentais, sem que nos concedam os mesmos privilégios e direitos em seus países muçulmanos”, disse.
De acordo com o Pew Research Center, a população muçulmana deve crescer significativamente nas próximas décadas no Ocidente, impulsionada por migração e taxas de natalidade mais altas. Barham alertou, contudo, que a liberdade religiosa corre risco se o cristianismo deixar de ser livremente expressado em suas próprias origens culturais.
Testemunho cristão
Barham, que nasceu na Zâmbia e já liderou um ministério interdenominacional em Oxford (Reino Unido), declarou que, mesmo em países ocidentais como o Reino Unido e o Canadá, não sente liberdade plena para compartilhar o Evangelho entre muçulmanos “de maneira gentil e respeitosa”. “Nos países muçulmanos, somos silenciados pela lei da Sharia; e nos países ocidentais, somos silenciados sob o insulto ‘islamofobia’. Portanto, não temos plena liberdade de fé e expressão como cristãos em nenhum lugar do mundo”, afirmou.
Ele acrescentou que, se a liberdade cristã desaparecer nos Estados Unidos, “ela desaparecerá em todos os lugares”. “Essas portas da liberdade de fé precisam se abrir nesses países, e precisamos responsabilizar as pessoas por isso. Essa é uma questão muito importante e muito urgente”, completou.
Barham relatou ter conhecido cristãos no Oriente Médio cujos familiares foram mortos por deixarem o Islã. Disse não temer por si mesmo, mas expressou preocupação pelos que enfrentam perseguição. “Estou muito consciente dos meus irmãos cristãos em todo o mundo e quero falar em nome deles”, afirmou.
“Não tenham medo”
Ao ser questionado sobre a mensagem que deixaria a outros cristãos diante de ideologias contrárias à fé, Barham respondeu: “Jesus disse: ‘Não tenham medo’. Portanto, não devemos temer. Ele disse: ‘Estarei com vocês até o fim do mundo’, e devemos nos lembrar de que Ele está conosco”.
O pastor encorajou os cristãos a exercerem seus direitos de forma sábia, citando o exemplo do apóstolo Paulo, que, segundo o relato de Atos 16, utilizou sua cidadania romana para garantir justiça diante da prisão em Filipos. “Paulo exerceu seus direitos como cidadão, e acho que nós também precisamos exercer esses direitos”, declarou.
Barham concluiu dizendo que o compromisso dos cristãos deve unir cidadania e fé. “É aqui que o mundo e o Reino se encontram: quando usamos nossos direitos como cidadãos para promover a mensagem de outro mundo — a mensagem das Boas-Novas”.