E agora, Hamas? EUA e Israel anunciam plano de paz para Gaza

Em coletiva de imprensa realizada na Casa Branca na segunda-feira (29), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, apresentaram conjuntamente uma proposta de paz para o conflito em Gaza. O plano, estruturado em 20 pontos, foi formalmente endossado pelo governo israelense.

Netanyahu afirmou que a proposta “responde às preocupações de segurança de Israel”. O primeiro-ministro ressaltou que, mesmo com o acordo, Israel manterá uma presença militar em localizações estratégicas dentro da Faixa de Gaza para “garantir que Gaza nunca mais represente uma ameaça”.

Estrutura do Acordo

O plano estabelece um cessar-fogo imediato e a libertação de todos os reféns israelenses no prazo de 72 horas após a aceitação formal do acordo. Em contrapartida, Israel libertaria 250 prisioneiros condenados à prisão perpétua e 1.700 detidos de Gaza.

A proposta prevê a criação de um “Conselho da Paz”, presidido por Donald Trump e integrado por outras figuras internacionais, como o ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair. Este conselho supervisionaria a reconstrução de Gaza e uma transição política, com administração temporária a cargo de um comitê tecnocrático palestino.

Outros pontos incluem o desarmamento completo do Hamas, a implantação de uma Força Internacional de Estabilização e a criação de uma zona econômica especial. O plano também propõe um “diálogo inter-religioso para promover tolerância, paz e mudança nas narrativas”.

Declarações

Trump descreveu a proposta como “a única chance real de encerrar décadas de violência”. “Pelo menos estamos, no mínimo, muito, muito perto. E acho que estamos mais do que muito perto”, declarou o presidente americano aos jornalistas.

O presidente advertiu que se o Hamas rejeitar o acordo, “serão os únicos que restarão”. Dirigindo-se a Netanyahu, afirmou: “Você tem todo o nosso apoio para fazer o que quiser”.

Steve Witkoff, enviado especial de Trump, manifestou otimismo em entrevista à Fox News: “Temos muito apoio generalizado de todos os países árabes da costa do Golfo, temos muito apoio dos europeus”.

Obstáculos

Internamente em Israel, o ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, criticou publicamente o plano, classificando-o como “fracasso diplomático” e “ato de cegueira deliberada que ignora todas as lições de 7 de outubro”.

O grupo Hamas, cuja anuência é considerada crucial para a viabilidade do acordo, ainda não se manifestou formalmente sobre a proposta. Líderes palestinos externos ao Hamas expressaram reservas, destacando que o plano não aborda explicitamente a criação de um Estado palestino independente em sua fase inicial.

O ponto 19 do documento menciona que “as condições podem finalmente estar em vigor para um caminho credível para a autodeterminação e o Estado palestino” apenas após a conclusão das reformas na Autoridade Palestina e o avanço do redesenvolvimento de Gaza.

Analistas internacionais apontam que a ausência do Hamas nas negociações representa o principal obstáculo à implementação. Especialistas alertam que a viabilidade do acordo dependerá do cumprimento efetivo por todas as partes e do apoio operacional da comunidade internacional.

O anúncio marca a mais recente iniciativa de mediação em um conflito que já causou milhares de mortes e uma crise humanitária de proporções significativas.