Arqueólogos descobriram no norte do deserto do Sinai, no Egito, uma fortaleza milenar que reforça o relato bíblico da fuga do povo israelita do Egito, narrado no livro de Êxodo. A informação foi divulgada em outubro pelo Ministério do Turismo e Antiguidades do Egito, após escavações realizadas no sítio arqueológico de Tell El-Kharouba.
Datada de cerca de 3.500 anos, a estrutura corresponde à antiga Estrada Militar de Hórus, também conhecida como Rota de Hórus, mencionada em Êxodo 13.17 como o caminho mais curto entre o Egito e Canaã, que os israelitas evitaram durante a travessia conduzida por Moisés.
O texto bíblico registra: “Deus não os guiou pelo caminho dos filisteus, embora fosse o caminho mais curto. Pois Deus disse: ‘Se eles enfrentarem a guerra, podem mudar de ideia e voltar para o Egito’. Então Deus guiou o povo pela estrada do deserto em direção ao Mar Vermelho”.
De acordo com os pesquisadores, a localização, a idade e as dimensões da fortaleza coincidem com o contexto histórico e geográfico descrito na narrativa bíblica. O achado confirma, segundo os arqueólogos, a existência da estrada fortificada que ligava o Egito à Canaã e que era defendida por uma série de postos militares.
Estrutura militar
A fortaleza possui cerca de 7.900 metros quadrados, onze torres defensivas e paredes espessas de tijolos de barro, características que indicam sua função estratégica como ponto de defesa da fronteira oriental do Império Egípcio. Os especialistas classificaram o achado como uma das maiores e mais bem preservadas fortalezas descobertas ao longo da Rota de Hórus.
O complexo militar foi construído durante o período do Novo Império Egípcio, entre 1550 e 1070 a.C., época em que Moisés teria vivido, conforme a cronologia tradicional. As escavações indicam que a fortificação servia como um posto avançado para proteger o território egípcio contra invasões vindas do leste.
“Esta descoberta representa uma personificação tangível da genialidade dos antigos egípcios na construção de um sistema defensivo integrado para proteger a terra do Egito”, afirmou Sherif Fathy, ministro do Turismo e Antiguidades, em comunicado oficial. “Ela revela novos capítulos da história militar do Egito e reforça o status do Sinai como uma terra que carrega evidências civilizacionais únicas ao longo dos tempos”.
Contexto arqueológico
Durante as escavações, foram encontrados fragmentos de cerâmica, vasos de barro, um grande forno de pão, restos de massa fossilizada e a alça de uma jarra com o nome do faraó Tutmés I, que governou aproximadamente entre 1506 e 1493 a.C.. Esses artefatos indicam que o local funcionava não apenas como fortificação militar, mas também como centro de atividades cotidianas dos soldados.
De acordo com o Ministério do Turismo e Antiguidades, as descobertas reforçam a hipótese de que a região era intensamente vigiada, o que explicaria por que os israelitas, segundo o relato bíblico, evitaram essa rota direta e seguiram pelo deserto em direção ao Mar Vermelho.
Os pesquisadores destacam que a fortaleza de Tell El-Kharouba representa um elo significativo entre a arqueologia egípcia e o registro bíblico, oferecendo novas evidências sobre a infraestrutura militar do antigo Egito e sobre os caminhos percorridos durante o Êxodo.