Entidade cristã faz apelo por ajuda após terremoto no Afeganistão

O Afeganistão enfrenta uma das maiores tragédias recentes após o terremoto de magnitude 6 que atingiu a região leste no domingo, 31 de agosto. O balanço atualizado em 02 de setembro pelo porta-voz do Taleban, Zabihullah Mujahid, registra ao menos 1,4 mil mortos e mais de 3 mil feridos. O número pode aumentar conforme as equipes de resgate alcançam áreas isoladas.

O tremor destruiu vilarejos inteiros, onde casas de barro e madeira desabaram rapidamente, soterrando famílias durante a madrugada. O relevo montanhoso dificulta o trabalho dos socorristas, obrigando o uso de helicópteros para evacuar feridos. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), o índice de vítimas tende a crescer de forma significativa à medida que novas localidades são acessadas.

A tragédia ocorre em um contexto de crise econômica, cortes na ajuda internacional e restrições impostas pelo regime do Taleban. O coordenador da ONU no Afeganistão, Indrika Ratwatte, afirmou que o tempo é um fator crítico. “São decisões de vida ou morte, enquanto corremos contra o tempo para chegar às pessoas”, declarou.

Organizações humanitárias anunciaram apoio emergencial. A Christian Aid liberou de imediato £50 mil para ações conduzidas pela Organização para Coordenação de Assistência Humanitária (OCHR) e lançou uma campanha global de arrecadação. O gerente interino da entidade no país, Yaqoob Rauf, informou que os recursos estão sendo usados para fornecer água potável, alimentos, abrigo e itens básicos. Ele destacou a situação de vulnerabilidade de mulheres e meninas. “Este é um golpe devastador, que se soma à crise econômica persistente e ao terremoto de Herat em 2023. Mesmo antes desta tragédia, a população já vivia sob imensa pressão”, disse.

Dados da ONU apontam que mais de 420 unidades de saúde no país foram fechadas ou suspenderam atividades por falta de recursos, incluindo 80 na região leste, epicentro do tremor. As estruturas ainda em funcionamento estão sobrecarregadas, com escassez de suprimentos e profissionais.

O Talibã, que até agora recebeu reconhecimento formal apenas da Rússia, solicitou ajuda internacional. No entanto, a resposta tem sido limitada, em meio a crises humanitárias concorrentes e à resistência de países doadores diante das políticas de repressão contra mulheres e meninas. Nos últimos meses, os Estados Unidos reduziram parte do financiamento destinado ao Afeganistão, agravando a vulnerabilidade da população.

Diante do cenário, missionários e agências humanitárias enfatizam que a solidariedade internacional será essencial para reduzir os impactos da tragédia. A Christian Aid informou que criou uma página especial para receber doações e incentivar orações em apoio às vítimas.