Interesse no voto evangélico leva Lula a acenar à música gospel

A música gospel poderá ser declarada como patrimônio brasileiro, afirmou Lula (PT) na última quarta-feira, 17 de dezembro. A declaração foi feita durante uma reunião ministerial realizada na Granja do Torto, residência oficial de campo da Presidência da República.

Ao anunciar a iniciativa, Lula mencionou o advogado-geral da União, Jorge Messias, que é evangélico e foi indicado pelo governo para uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF). “Vamos transformar a música gospel, Messias, em patrimônio. Na semana que vem, você pode estar preparado, porque, além de ser ministro da Suprema Corte, você vai poder cantar música gospel no Palácio do Planalto”, declarou o presidente.

Jorge Messias ainda precisa passar por sabatina na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado e obter ao menos 41 votos no plenário da Casa para ser confirmado no cargo.

Segundo informações de pessoas que acompanham o tema, ouvidas pela Folha de S.Paulo, o decreto a ser assinado pelo presidente reconhecerá o gospel como manifestação da cultura nacional, abrangendo não apenas a música, mas também expressões como teatro e literatura religiosa.

O texto também deverá estabelecer diretrizes para a valorização, promoção e proteção da cultura gospel no país. A proposta ainda passa por ajustes no Ministério da Cultura, comandado por Margareth Menezes.

A iniciativa ocorre em um contexto de tentativas do governo de ampliar o diálogo com o segmento evangélico. Em outubro do ano passado, Lula sancionou uma lei que instituiu o Dia Nacional da Música Gospel, celebrado em 9 de junho. Na cerimônia realizada no Palácio do Planalto, houve momentos de oração e cânticos com a participação de fiéis e do deputado federal Otoni de Paula (MDB-RJ), integrante da bancada evangélica. Jorge Messias também esteve presente.

Mais recentemente, durante o 16º Congresso do PCdoB, Lula afirmou que 2026 será um “ano sagrado” e defendeu que setores da esquerda ampliem o diálogo com diferentes grupos da sociedade, incluindo os evangélicos. “Evangélico não é contra nós, nós é que não sabemos falar com eles. O erro está na gente, não está neles. […] Nós nos distanciamos do povo”, afirmou o petista.