Maioria das pessoas não entende o conceito de pecado, diz estudo

Uma pesquisa recente revelou que grande parte dos americanos continua confusa sobre a natureza do pecado, rejeitando definições bíblicas e até mesmo se recusando a se identificar como “pecadores”. Os dados fazem parte do American Worldview Inventory 2025, estudo conduzido pelo Centro de Pesquisa Cultural da Universidade Cristã do Arizona.

O responsável pelo levantamento, Dr. George Barna, classificou os resultados como “espiritualmente perigosos”. Ele afirmou: “Depois de mais de quatro décadas estudando as crenças dos americanos, estou convencido de que poucas questões são mais incompreendidas — ou mais perigosas espiritualmente — do que o pecado”.

Barna acrescentou: “Os americanos frequentemente admitem que o pecado existe, mas se recusam a levá-lo a sério — concentrando-se mais em como o pecado os faz sentir culpados do que no que o pecado faz ao seu relacionamento com Deus ou às suas vidas”.

A pesquisa destacou seis equívocos recorrentes. O primeiro é a visão de que o pecado não tem origem no coração humano: apenas 43% dos entrevistados acreditam que ações pecaminosas resultam de uma natureza corrompida, enquanto 75% defendem que as pessoas são “basicamente boas de coração”. O segundo é a ênfase nos sentimentos de culpa em detrimento da verdade, com 61% reconhecendo a culpa, mas tratando-a como mais preocupante que o próprio pecado.

O terceiro ponto é a minimização de seus efeitos: apenas 56% concordam que o pecado traz consequências duradouras. Em quarto lugar, muitos não o relacionam diretamente à desobediência a Deus: somente 62% aceitam a definição bíblica de que o pecado é rebelião contra a autoridade divina. O quinto equívoco diz respeito à definição do termo, já que apenas 53% o consideram uma transgressão intencional. Por fim, milhões rejeitam a ideia de que o pecado seja uma rebelião pessoal contra Deus, ainda que admitam falhas morais.

Barna avaliou que tais posturas mostram um enfraquecimento da compreensão nacional: “Como nação, fizemos as pazes com o pecado — e isso coloca nossas almas em risco”. O levantamento apontou que apenas 14% mantêm uma perspectiva bíblica sobre o tema. Embora 84% reconheçam sua existência, somente 52% acreditam que todos pecam, e esse mesmo percentual se identifica como pecador. Entre cristãos que se definem como “nascidos de novo”, dois terços aceitam o rótulo, mas um quarto rejeita essa identificação.

A percepção de que todos pecam varia entre gerações. Entre a Geração Z, 41% concordam com essa afirmação. Entre os Millennials, o índice chega a 49%; na Geração X, a 53%; e entre os Baby Boomers, a 57%. Segundo Barna, a confusão está ligada à escassez de mensagens sobre o assunto. Ele citou pesquisa da Pew Research, de 2019, indicando que apenas 3% dos cristãos mencionam o pecado em suas falas.

Em sua análise, isso gera impacto para a Igreja e para os indivíduos: “Quando uma doutrina tão central raramente é abordada, os crentes provavelmente não terão uma compreensão clara de sua condição diante de Deus e da obra redentora de Cristo. Com o tempo, essa ausência contribui para a confusão sobre a verdade, a moralidade e a natureza da salvação”. Para ele, o silêncio dos púlpitos deixa fiéis despreparados para entender a gravidade do pecado.

Apesar do diagnóstico, Barna ressaltou que a Igreja possui a responsabilidade de esclarecer. Ele questionou: “Se não vemos mais o pecado, como podemos entender nossa necessidade de um Salvador?”. Em seguida, defendeu que líderes e membros recuperem uma perspectiva bíblica: “A Igreja deve reivindicar seu mandato dado por Deus para se distanciar da cultura em sua compreensão e resposta ao pecado — porque quando a Igreja espelha o mundo, ela perde seu poder e autoridade espiritual”.

De acordo com o Christian Today, o pesquisador concluiu com um apelo à ação conjunta: “Todos nós compartilhamos o chamado de ensinar a verdade sobre o pecado, ser um exemplo de arrependimento genuíno e guiar as pessoas de volta ao desígnio de Deus. Juntos, podemos continuar a lançar luz sobre a crise de visão de mundo dos Estados Unidos, equipando a próxima geração de líderes, pais e igrejas para enfrentar a confusão com coragem e chamar as pessoas de volta à verdade de Deus”.