No domingo 7, feriado da Independência do Brasil, milhares de pessoas participaram de atos públicos em diversas capitais brasileiras. As mobilizações, convocadas sob o lema “Reaja, Brasil”, tinham como principal demanda a anistia para os indivíduos condenados ou respondendo a processos judiciais pelos eventos ocorridos em 8 de janeiro de 2023, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Os eventos foram inicialmente convocados pelo pastor Silas Malafaia, líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo (ADVEC), e congregaram apoiadores, parlamentares aliados e outras lideranças conservadoras.
O ex-presidente Bolsonaro, atualmente em prisão domiciliar em Brasília e impedido por decisão judicial de participar de eventos públicos, foi o tema central dos discursos.
O contexto imediato dos atos é o julgamento, a ser retomado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na próxima terça-feira (9), de ações penais contra Bolsonaro. As acusações incluem os crimes de golpe de Estado, organização criminosa armada e tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, com penas somadas que podem ultrapassar 40 anos de prisão.
Em São Paulo
Na Avenida Paulista, manifestantes exibiram faixas dirigidas ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), pedindo a votação do projeto de anistia, e ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), requerendo abertura de processo de impeachment contra o ministro do STF Alexandre de Moraes.
O pastor Silas Malafaia discursou, classificando o julgamento de Bolsonaro como um “circo” e acusando o ministro Alexandre de Moraes de atuar como “promotor e juiz ao mesmo tempo”.
Ele questionou a legalidade do inquérito das fake news, iniciado em 2019, por não envolver o Ministério Público. “Nós temos brasileiros exilados por expressarem opinião. Que democracia é essa?”, afirmou.
A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro também se pronunciou, citando o caso de uma cabeleireira condenada a 14 anos de prisão. “As marcas foram apagadas do monumento, mas as marcas na vida dessa mulher e de sua família não serão”, declarou. Ela encerrou seu discurso conduzindo a multidão em oração.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), criticou o que denominou “tirania” de Alexandre de Moraes e questionou a consistência das provas no inquérito do 8 de janeiro, classificando como “mentirosa” a delação do ex-ajudante de ordens Mauro Cid. “Tentam criar uma narrativa de golpe de Estado. Não existe documento, não existe ordem. Como condenar alguém sem provas?”, questionou.
No Rio de Janeiro
Na orla de Copacabana, os manifestantes concentraram-se no Posto 5. A abertura do ato foi marcada pela execução do Hino Nacional. Foram ouvidos gritos de ordem contra o ministro Alexandre de Moraes e exibidas bandeiras dos Estados Unidos, em referência ao apoio do ex-presidente Donald Trump.
O governador Cláudio Castro (Republicanos) liderou coros de “Bolsonaro inocentado” e “Não existe golpe”. Foi reproduzido um áudio de Michelle Bolsonaro no qual ela afirmou que o ex-presidente está “humilhado e preso porque enfrentou o sistema por amor ao povo”.
O senador Flávio Bolsonaro encerrou o ato, defendendo a candidatura de seu pai em 2026. “Não existe anistia criminal sem anistia eleitoral”, declarou, antes de liderar o coro “Fora, Moraes”. Jair Bolsonaro permanece inelegível até 2030 por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Em Brasília
No estacionamento da Funarte, manifestantes entoaram cantos contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pelo impeachment do ministro Alexandre de Moraes. Cartazes faziam referência à Lei Magnitsky, mecanismo estadunidense que foi invocado para propor sanções contra o ministro.
A locutora Cíntia Aquino conduziu a multidão em gritos de “América, por favor, salve o Brasil”, em apelo direto ao ex-presidente Donald Trump. A senadora Damares Alves (Republicanos-DF) discursou, afirmando que a oposição no Congresso se fortaleceu nos últimos meses e declarou: “O jogo mudou, acreditem. As verdades estão sendo reveladas. É apenas uma questão de tempo”.
Em Outras Capitais
Em Belo Horizonte, o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) criticou os presidentes do Senado e da Câmara, chamando-os de “covardes” por, em sua avaliação, não pautarem o impeachment de Moraes.
Em Vitória, o ato foi liderado pelo senador Magno Malta (PL-ES), que conduziu manifestantes pela Terceira Ponte. Em seu discurso, Malta acusou o ministro Alexandre de Moraes de ser “o maior violador de direitos humanos no Brasil e no mundo”.
Manifestações de menor porte também foram registradas em outras cidades, como São Luís (MA), Uberlândia (MG), Juiz de Fora (MG), Maceió (AL) e Goiânia (GO), onde o deputado Gustavo Gayer (PL-GO) afirmou existirem “mais de 300 votos pela anistia” na Câmara dos Deputados.
A organização dos atos reiterou que o movimento continuará a pressionar pelas pautas da anistia e pelo impeachment do ministro Alexandre de Moraes. Com informações: Comunhão.