Membro do Hamas diz que terroristas perderam 80% de Gaza

Um alto funcionário do Hamas afirmou que o grupo terrorista perdeu aproximadamente 80% do controle que exercia sobre a Faixa de Gaza, após 21 meses de combates intensos com as Forças de Defesa de Israel (IDF).

A declaração foi feita sob condição de anonimato, em mensagens de voz enviadas à emissora britânica BBC, e revela a gravidade da situação enfrentada pelo grupo. Segundo o representante, “quase não sobrou nada da estrutura de segurança”.

“A maior parte da liderança, cerca de 95%, já morreu. Todas as figuras ativas foram mortas”, acrescentou, questionando a continuidade da guerra por parte de Israel, já que o país judeu “está em vantagem, o mundo está em silêncio, os regimes árabes estão em silêncio, gangues criminosas estão por toda parte, a sociedade está em colapso”.

A avaliação ocorre em um contexto de sucessivas perdas sofridas pelo Hamas. Em maio, o exército israelense eliminou Mohammed Sinwar, um dos últimos líderes do grupo em Gaza. O irmão dele, Yahya Sinwar, acusado de comandar o massacre de 1.200 israelenses em 7 de outubro de 2023, foi morto por tropas israelenses em outubro de 2024 durante uma operação no sul da Faixa.

O oficial entrevistado foi ferido na primeira semana do conflito e, segundo relatado, não exerce mais funções ativas na organização por motivos de saúde. Ainda assim, ele descreveu um cenário de colapso total em Gaza: “A situação de segurança é zero. O controle do Hamas é zero. Não há liderança, nem comando, nem comunicação. Os salários estão atrasados e, quando chegam, são praticamente inúteis. Alguns morrem só de tentar recebê-los”.

Ele também relatou que a população saqueou o complexo de segurança do Hamas conhecido como Ansar, utilizado anteriormente como sede de governo. “Eles saquearam tudo, os escritórios — colchões, até painéis de zinco — e ninguém interveio. Nem polícia, nem segurança”, afirmou.

As declarações do representante do Hamas reforçam avaliações feitas por autoridades israelenses ao longo dos últimos meses. Em setembro de 2024, o então ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, declarou: “O Hamas como formação militar não existe mais”, descrevendo a organização como reduzida a um grupo guerrilheiro.

Durante o cessar-fogo de 57 dias no início de 2025, o Hamas tentou se reagrupar, de acordo com o funcionário entrevistado. Contudo, após a recusa em libertar os reféns israelenses remanescentes, Israel iniciou, em março, uma ofensiva contínua que, segundo o exército, desmantelou as últimas capacidades militares e políticas do grupo.

No mês passado, o porta-voz militar israelense, general Effie Defrin, afirmou que o Hamas estava prestes a perder completamente o controle de Gaza: “O Hamas está perdendo o controle. Continua a operar contra seus próprios civis. A distribuição de alimentos prejudica gravemente o Hamas e seu governo. Dezenas de milhares de refeições são distribuídas diariamente aos moradores de Gaza”, declarou.

A ajuda humanitária passou a ser canalizada pela recém-formada Fundação Humanitária de Gaza (GHF, na sigla em inglês), uma iniciativa apoiada pelos governos de Israel e dos Estados Unidos. A GHF tem como objetivo entregar diretamente suprimentos à população, contornando o controle do Hamas. O grupo se opôs à medida, alegando que ela enfraquece ainda mais sua autoridade na região.

Relatos recentes de civis afirmam que combatentes do Hamas teriam atacado centros de distribuição de alimentos, assassinando moradores para sabotar os esforços humanitários e fomentar críticas internacionais contra Israel, de acordo com informações do The Christian Post.