ONG cristã tenta salvar famílias cristãs do regime de escravidão

A organização Global Christian Relief (GCR), sediada na Califórnia, lançou em julho de 2025 uma campanha para resgatar 100 famílias cristãs submetidas a regime de escravidão na indústria de tijolos do Paquistão.

O projeto visa quitar dívidas que mantêm essas famílias em regime de servidão por décadas — prática ilegal desde 1992, mas ainda prevalente devido à falha na aplicação da lei e corrupção local.

Regime de escravidão por dívidas

Segundo relatórios da GCR, o ciclo inicia-se com empréstimos de US$ 800 a US$ 1.000 contraídos para cobrir necessidades básicas (saúde, alimentação ou moradia).

Com isso, os trabalhadores das famílias cristãs recebem US$ 3 a US$ 5 por dia, mas com juros que podem chegar a 200% ao ano, reduzindo o rendimento líquido para US$ 1,50 diários.

A dívida, então, transmitida entre gerações, impede a libertação, instalando-se aí o regime de escravidão. Estima-se que 70% dos operários das 20 mil olarias do país sejam cristãos — grupo que representa 1,27% da população paquistanesa.

Casos documentados

  • Raheel e Ruth: Após 25 anos de trabalho (iniciado por um empréstimo de US$ 875 para tratamento médico), foram liberados em 2024 pela GCR. Agora administram uma horta;

  • Khalid e Shabana: Endividados por 15 anos devido a um financiamento de US$ 213 para um casamento, viram a dívida quadruplicar;

  • Maryam: Trabalhou 20 anos com o falecido marido (vítima de asma sem tratamento) para quitar US$ 862 de uma cesariana.

Metas da campanha

Além da libertação, a GCR planeja:

  1. Capacitar profissionalmente 380 jovens;

  2. Oferecer assistência médica a 20 mil famílias;

  3. Financiar microempresas para 325 mulheres.

Brian Orme, CEO da GCR, declarou que “ao quitar dívidas, rompemos cadeias geracionais de escravidão”. O Paquistão foi classificado como “país de particular preocupação” pela Comissão dos EUA para Liberdade Religiosa Internacional (2025), citando.

Dentre os motivos estão o uso abusivo de leis de blasfêmia (70 casos ativos contra cristãos em 2024), a exclusão econômica de minorias religiosas e a fiscalização negligente em setores com mão de obra marginalizada.

A campanha ocorre em meio a denúncias de que donos de olarias operam com impunidade. Autoridades locais raramente inspecionam as unidades produtivas, onde trabalhadores enfrentam jornadas de até 18h/dia sem equipamentos de segurança, outra característica do trabalho em regime de escravidão.

Para alcançar seus objetivos, a GCR mantém parcerias com igrejas locais para distribuir os recursos, evitando desvios por intermediários.