Pastor cubano faz visita para levar remédios a fiéis e termina preso

O pastor Maikel Pupo Velázquez, membro da Aliança Cristã de Cuba (ACC), foi detido pelas autoridades cubanas no dia 09 de julho por um período de 14 horas. A detenção ocorreu após uma visita pastoral à casa de Marta Perdomo, mãe de Jorge e Nadir Martín Perdomo, dois jovens cristãos presos desde 2021 por participarem dos protestos pacíficos ocorridos naquele ano.

De acordo com informações divulgadas por entidades cristãs locais, o pastor havia levado remédios para a neta de Marta e prestado apoio espiritual à família. Apesar de breve, a prisão causou abalo emocional no pastor Velázquez.

Fontes ligadas à comunidade cristã relatam que a ação parece ter sido motivada por seu gesto de solidariedade, refletindo um padrão mais amplo de repressão contra líderes religiosos que demonstram apoio a familiares de prisioneiros políticos.

Os irmãos Jorge e Nadir foram condenados, respectivamente, a oito e seis anos de prisão sob as acusações de “desordem pública” e “desacato”. As condições relatadas nas prisões são especialmente severas no caso de Jorge, que estaria enfrentando isolamento, más condições sanitárias e maus-tratos por se recusar a realizar trabalho forçado.

Aumento da repressão

A situação ocorre no contexto do aniversário dos protestos de 11 de julho de 2021, data que marcou manifestações em diversas cidades cubanas por liberdade e melhores condições de vida. Desde o início de julho, diversas igrejas evangélicas em Cuba relataram aumento da vigilância e pressão direta por parte de autoridades para que não permitam a entrada de familiares de presos políticos em seus cultos.

Segundo relatos locais, Marta Perdomo tem enfrentado proibições para frequentar cultos religiosos e foi detida ao tentar participar de uma celebração em uma igreja da região. Pastores de diferentes denominações também teriam sido orientados a negar-lhe a entrada, sob ameaça de sanções governamentais.

Pastores que pregam temas como justiça, liberdade ou direitos humanos também têm sido alvo de advertências e ameaças. A comunidade cristã em Cuba teme que a repressão se intensifique nos próximos meses.

Apelos por apoio internacional

De acordo com Laura Díaz (nome fictício para proteção de identidade), parceira local da missão cristã Portas Abertas, “este caso mostra como Cuba está violando liberdades básicas de expressão, de religião e de tratamento humano nas prisões. O regime está criminalizando a fé e tentando silenciar o apoio espiritual às vítimas da repressão”.

A missão cristã tem mobilizado intercessores e apoiadores para oferecer suporte aos líderes religiosos cubanos. Em comunicado oficial, a entidade afirmou: “Para resistir à pressão e violência, líderes de igrejas na América Latina precisam estar aptos para responder à perseguição e orientar suas igrejas. Ore pela cura dos traumas do pastor Maikel Pupo após a prisão. Interceda pela segurança dos cristãos presos injustamente em 2021. Clame pelos cristãos proibidos de congregar em Cuba. Peça a Deus que fortaleça a Igreja cubana para que seja luz mesmo sob pressão”.