O evangelista Ben Jack, ex-DJ, afirmou que a Igreja precisa estar disposta a entrar em “lugares muito sombrios” para anunciar as Boas-Novas de Jesus Cristo, desde que não comprometa a integridade da mensagem bíblica.
A declaração foi feita durante participação na 14ª Assembleia Geral da Aliança Evangélica Mundial, realizada de 27 a 31 de outubro, cujo tema foi “O Evangelho para Todos até 2033”.
Jack atua como evangelista há 26 anos e hoje trabalha com a organização The Message Trust, no Reino Unido. Ex-DJ, ele relatou à Assembleia Geral da Aliança Evangélica Mundial (WEA) que decidiu entrar no universo das boates e bares de forma intencional: seu objetivo era ser missionário nesses ambientes e não apenas atuar como profissional da música.
Segundo ele, tornar-se DJ permitiu acesso a espaços frequentados por pessoas que, nas suas palavras, estavam “buscando uma fuga da realidade em uma sexta-feira à noite, depois de uma semana difícil, porque a realidade é difícil para muita gente”. Jack explicou que, em vez de propor uma nova forma de escapismo, sua mensagem apontava para aquilo que descreve como “a melhor realidade possível”: Jesus Cristo.
Lição 1
O evangelista afirmou que os anos em casas noturnas lhe ensinaram duas lições centrais sobre evangelismo. A primeira é que cristãos que desejam entrar em “lugares sombrios” para compartilhar o Evangelho precisam ter clareza sólida sobre o que creem, a fim de influenciar a cultura em vez de serem moldados por ela.
“Se não conhecermos o Evangelho de forma profunda, rica e, acima de tudo, quando formos ao mundo para interagir culturalmente, será a cultura que nos evangelizará, e não o contrário”, disse.
Jack observou que muitos cristãos bem-intencionados procuram usar elementos da cultura como porta de entrada para o Evangelho, mas advertiu que, com o tempo, essa tentativa pode afetar o conteúdo da mensagem. “Há muitas pessoas bem-intencionadas que procuram usar os elementos da cultura como porta de entrada para o Evangelho, mas, com o tempo, a boa intenção de impactar e alcançar pessoas no espaço cultural começa a corroer a integridade do Evangelho”, afirmou.
Ele alertou para o risco de modificações sutis no conteúdo da fé cristã na tentativa de tornar a mensagem mais aceitável. “Antes que percebamos, fazemos aquilo contra o qual Paulo nos advertiu em Gálatas, ou acrescentamos algo ao Evangelho que não deveria estar lá, ou, mais provavelmente, retiramos algo do Evangelho e o transformamos em nada — e não há sentido em não haver Evangelho algum”, declarou.
Jack acrescentou que “o mundo tem um bilhão e um evangelhos que acredita que irão salvá-lo, mas só existe um Evangelho verdadeiro — o Evangelho de Jesus Cristo”. Ele desafiou os participantes a refletirem sobre o quanto confiam que esse Evangelho é suficiente e, a partir dessa convicção, pensarem em formas de utilizar a cultura de maneira responsável, sem distorcer a mensagem central.
Lição 2
A segunda lição que Jack afirmou ter aprendido em sua experiência como missionário em boates diz respeito ao papel da tradição. Para ele, embora a tradição tenha importância, ela “não é definitiva”, sobretudo quando impede que cristãos entrem em ambientes considerados profanos para alcançar pessoas que não frequentam espaços religiosos. “Se ficarmos presos demais às nossas maneiras tradicionais de fazer as coisas, nunca iremos a casas noturnas porque pensaremos: ‘Não, não, não devemos fazer isso, não podemos fazer isso, nossa tradição dita que esse não é um lugar para irmos e sermos quem somos’”, afirmou.
O evangelista declarou que, para que a Igreja contribua com o objetivo de levar o Evangelho “a todos até 2033”, duas prioridades são necessárias. “Se quisermos alcançar o mundo com as Boas Novas até 2033, precisamos fazer duas coisas muito importantes: precisamos garantir que o Evangelho seja aquilo a que nos dedicamos acima de tudo — que o conheçamos, o vivamos, o respiremos e demos glória Àquele a quem tudo se resume”, disse.
Ele acrescentou que é preciso, ao mesmo tempo, fazer “perguntas cuidadosas” sobre tradições religiosas. “Queremos estar suficientemente enraizados nelas para não sermos levados pelo espírito da época — que tenhamos uma âncora, um alicerce firme — mas que não estejamos tão presos a tradições que são alheias aos princípios do próprio Evangelho, a ponto de deixarmos de ser fiéis às oportunidades que Deus nos oferece”, afirmou.
Jack concluiu incentivando os cristãos a reverem atitudes pessoais que possam dificultar ações missionárias em novos contextos. “Se conseguíssemos deixar de lado um pouco o nosso egoísmo, poderíamos fazer algumas coisas que, de outra forma, não teríamos vontade de fazer”, disse.
De acordo com o The Christian Post, a 14ª Assembleia Geral da Aliança Evangélica Mundial reuniu 850 líderes cristãos de 124 nações, com foco em debates sobre missão, evangelização e cooperação global em torno do tema “O Evangelho para Todos até 2033”.