Profecia traduzida em libras mostra a importância de incluir surdos

Um momento de interpretação em Libras durante o evento “Avante, Déboras” na Igreja Apostólica Nova Vida, tornou-se símbolo de inclusão religiosa dos surdos. A intérprete Josefiny Guarnieri traduziu uma profecia para Jéssica Xavier, deficiente auditiva, em gesto que viralizou com 500 mil visualizações.

A ação reflete um movimento crescente, mas ainda insuficiente, de acessibilidade para 5,3 milhões de surdos brasileiros (IBGE, 2022).

Evangelismo para surdos

A comunidade surda global é classificada como “povo não alcançado” por organizações missionárias. Dados da Deaf Bible Society (2024) indicam que:

  • Menos de 2% dos 70 milhões de surdos profundos no mundo têm exposição ao evangelho;

  • Apenas 5% das línguas de sinais globais possuem traduções bíblicas completas;

  • Barreiras incluem analfabetismo bíblico (95% não leem textos sagrados) e escassez de intérpretes qualificados.

Ron Morin, diretor da DOOR International, explica: “Surdos formam a única minoria linguística que não herda sua fé dos pais. Sem acesso à mensagem em sua língua materna, permanecem espiritualmente isolados”.

Iniciativas transformadoras

O evento em São Bernardo ilustra impactos práticos da inclusão:

  1. Formação de lideranças: Projetos como “Surdos por Surdos” capacitam evangelistas nativos;

  2. Traduções estratégicas: A Bíblia em Libras já possui 72% do Novo Testamento concluído;

  3. Tecnologia: Apps como Glide Sign conectam missionários a comunidades remotas via vídeo.

Contexto brasileiro

Embora a Lei Brasileira de Inclusão (13.146/2015) exija acessibilidade, apenas 15% das igrejas evangélicas oferecem recursos em Libras. O caso da Igreja Nova Vida – que anunciou intérpretes fixos após o evento – mostra avanços pontuais.

Como declarou Jéssica Xavier: “Quando a mensagem chega em nossa língua, rompemos 30 anos de solidão espiritual em 30 segundos”.

Organizações como a Junta de Missões Nacionais estimam que cada intérprete treinado pode impactar 200 deficientes auditivos anualmente. Para teólogos como Ed Stetzer (Wheaton College), “incluir surdos não é adaptação – é reconhecer que o Reino de Deus fala todas as línguas da humanidade”.