Relatório: violência sexual virou 'arma' contra meninas cristãs

Dados da Lista Mundial da Perseguição 2025, elaborada pela organização Missão Portas Abertas, indicam um aumento no número de cristãos que sofreram violência sexual devido à sua fé.

O levantamento registrou 3.123 vítimas deste tipo de perseguição no ano de 2024. No ano anterior, 2023, o número registrado foi de 2.622 casos, o que aponta uma tendência de crescimento.

A maioria esmagadora das vítimas são meninas e mulheres cristãs, com a África aparecendo como o continente mais afetado por essa modalidade de violência.

Outra forma de punição registrada no contexto de perseguição religiosa é o casamento forçado. Em 2024, foram documentados 821 casos, representando um aumento de 35% em relação ao ano anterior.

A Nigéria foi o país com o maior número absoluto de casos de violência e abuso sexual, com uma estimativa de que pelo menos 1.000 cristãs tenham sido vitimadas. A Síria aparece em segundo lugar, com aproximadamente 500 casos registrados.

A lista é seguida por outros 13 países, cada um com cerca de 100 vítimas documentadas: Burkina Faso, Camarões, República Centro-Africana, República Democrática do Congo, Etiópia, Mali, Moçambique, Mianmar, Níger, além de dois países que tiveram seus nomes omitidos no relatório por motivos de segurança, Paquistão e Sudão.

No que se refere especificamente a casamentos forçados de cristãs com não-cristãos, a República Centro-Africana lidera as ocorrências, seguida pela República Democrática do Congo e pelo Paquistão. Nestes três países, ocorreram aproximadamente 300 casos cada, de acordo com os dados da Portas Abertas.

Relato de sobrevivente

O relatório é ilustrado pelo testemunho de Rifkatu, esposa de um pastor na Nigéria, que foi vítima de violência sexual por extremistas. Ela recebe atendimento pós-trauma em um centro apoiado pela Portas Abertas.

Em depoimento à organização, Rifkatu descreveu ter sido sequestrada por extremistas islâmicos fulani ao retornar da lavoura para sua aldeia, predominantemente cristã.

“No acampamento, a maioria dos homens ali nos violentaram. Quando chorávamos, diziam que colchões não choram e que nós agora éramos apenas colchões”, relatou. Ela acrescentou: “Não podíamos nos mover, ou sequer nos virar. Chegou ao ponto em que eu mordi a minha própria língua e comecei a sangrar muito”.

Rifkatu foi libertada posteriormente e retornou ao lar, onde lida com traumas psicológicos. Seu marido, o Pastor Zamai, afirmou: “O objetivo dos militantes é colocar medo na comunidade, nos perseguir. Além de colocar medo em nossos corações, para que nós neguemos a Jesus. Eles querem as nossas esposas para eles”. Sobre o retorno da esposa, ele declarou: “Deus havia respondido à minha oração por sua libertação”.