Varejista interrompe venda de pílulas do dia seguinte

A rede de atacado Costco Wholesale confirmou que não comercializará a pílula abortiva mifepristona em nenhuma de suas farmácias nos Estados Unidos. Em declaração divulgada na semana passada, a empresa alegou “falta de demanda” entre seus membros e clientes como principal motivo para a decisão.

“Nossa posição neste momento de não vender mifepristona, que não mudou, é baseada na falta de demanda de nossos membros e outros pacientes, que entendemos que geralmente têm o medicamento dispensado por seus provedores médicos”, informou a Costco, conforme relatado pela Reuters.

Reações de grupos pró-vida

A medida foi celebrada por organizações conservadoras cristãs e grupos pró-vida. Penny Nance, CEO da Concerned Women for America (CWA), declarou que a decisão representa “uma vitória para mulheres e bebês e um grande exemplo para outras empresas” ao mostrar que “valorizam a vida humana”. Segundo ela, a escolha da Costco também teria impactos positivos financeiros.

Mary Szoch, diretora do Centro para a Dignidade Humana do Conselho de Pesquisa Familiar, sediado em Washington, afirmou que a decisão significa que a Costco “não se tornará uma clínica de aborto”. Para ela, isso reforça a confiança de famílias que compram na rede de que estão apoiando valores relacionados à preservação da vida.

Em uma publicação nas redes sociais no domingo (17 de agosto), Lila Rose, fundadora da organização Live Action, afirmou que a Costco é um espaço “onde os consumidores vão para comprar a granel, não para comprar a morte em uma garrafa”. Para Rose, a decisão representa “uma grande vitória para a vida”.

Pressão de grupos organizados

Em agosto de 2024, uma coalizão de organizações conservadoras havia enviado cartas à Costco e a outros grandes varejistas pedindo que não comercializassem a mifepristona. A carta dirigida ao CEO da Costco, Ron Vachris, foi assinada por representantes de investidores que afirmavam gerir mais de US$ 100 bilhões em ativos e deter US$ 56 milhões em ações da companhia. Além disso, uma petição com mais de 7.500 assinaturas, incluindo 6.000 membros da rede, reforçava o pedido.

O documento destacava que a empresa deveria “evitar politizar seus serviços” e manter o foco em “fornecer excelentes produtos de mercearia e varejo para as famílias”.

O analista sênior Arun Sundaram, do Centro de Pesquisa e Análise Financeira, disse à Reuters que a decisão se insere em uma tendência maior de cautela entre grandes empresas após boicotes e reações negativas em casos semelhantes.

A mifepristona, em conjunto com o misoprostol, foi aprovada pela Food and Drug Administration (FDA) em 2000 para interrupção da gravidez até a décima semana de gestação. O medicamento atua bloqueando a progesterona, hormônio essencial para a manutenção do revestimento uterino.

Em janeiro de 2025, o comissário da FDA, Marty Makary, prometeu revisar a aprovação do fármaco diante de preocupações relacionadas a possíveis riscos para mulheres grávidas, segundo o portal The Christian Post.