Uma impressão de selo hebraico (bula) datada da era do Primeiro Templo (séculos VII-VI a.C.) foi identificada pelo Projeto de Peneiramento do Monte do Templo, conforme divulgado pelo portal Ynet nesta quarta-feira (30).
O artefato de argila, preservado em estado excepcional, exibe a inscrição “Yed[a‛]yah (filho de) Asayahu” – indicando propriedade de um indivíduo cujo nome significa “Pertencente a Yed[a‛]yah, filho de Asayahu”.
A decifração, conduzida pela Dra. Anat Mendel-Geberovich e pelo arqueólogo Zachi Dvira, revelou que o selo da era do Primeiro Templo servia para lacrar recipientes de armazenamento, garantindo acesso restrito a conteúdos valiosos.
Marcas na parte posterior confirmam seu uso prático. Com base na paleografia (estudo da escrita), a peça remonta à segunda metade do século VII a.C. ou início do século VI a.C.
Conectividade Bíblica
O período do Primeiro Templo coincide com o reinado de Josias, rei de Judá (639–609 a.C.), conhecido por reformas religiosas no Templo de Jerusalém. Curiosamente, 2 Crônicas 34:20 menciona um “Asayahu, servo do rei” integrante da delegação enviada por Josias à profetisa Hulda.
Especialistas citados pelo jornal Behadrei Haredim sugerem que o selo possa pertencer ao filho desse funcionário real, hipótese reforçada pela prática da época: selos eram exclusivos de altos dignatários.
Projeto Arqueológico
Iniciado há 20 anos em resposta a escavações ilegais no Monte do Templo, o projeto – gerido pela Fundação Arqueológica de Israel com apoio acadêmico da Universidade Bar-Ilan – já analisou mais de 9.000 toneladas de terra.
Até agora, catalogou 500 mil artefatos, incluindo 5.000 moedas antigas, joias e objetos do período do Primeiro Templo (1006–586 a.C.). Mais de 250.000 voluntários participaram das peneirações.
Significado Ampliado
A descoberta reforça padrões observados em achados anteriores: cerca de 40% dos nomes em selos de Jerusalém vinculam-se a figuras bíblicas. Como observa Dvira: “Cada selo é uma cápsula do tempo. Nomes como Asayahu, conhecidos pelos textos, ganham materialidade“.
O artefato sobreviveu à destruição de Jerusalém por Nabucodonosor em 586 a.C., evento que resultou no exílio babilônico da elite judaítica – contexto que explica a raridade de tais objetos.
(Fontes: Projeto de Peneiramento do Monte do Templo, Universidade Bar-Ilan, Ynet, Behadrei Haredim)