Daniel Kellan Mayfield, ex-pastor de jovens da Carolina do Sul, foi condenado em 22 de outubro à pena máxima de 20 anos de prisão por posse de imagens ilegais de abuso sexual infantil. Ele havia se declarado culpado em dezembro de 2024. O réu, de 37 anos, já cumpriu dois anos da pena e deverá se registrar como agressor sexual após ser libertado.
Segundo informações da emissora WYFF4, Mayfield armazenava milhares de imagens que mostravam mulheres e crianças, algumas com menos de 12 anos, em momentos íntimos, como ao tomar banho, trocar de roupa ou usar o banheiro. As gravações foram feitas sem o consentimento das vítimas.
Al Phillips, avô de algumas das vítimas, afirmou à emissora que considera a sentença justa diante dos danos causados. “Teve um impacto tremendo nos meus netos, que foram vitimados por esse predador. E assim, é, você sabe, é o tipo de coisa que rouba a inocência de uma criança, e isso destrói sua confiança”, declarou.
Phillips disse que, embora perdoe Mayfield, entende que o perdão não exclui as consequências. “Eu sou um cristão. Eu perdoo. Também entendo que, mesmo com o perdão, muitas vezes há consequências para o nosso pecado”, afirmou. “Eu acredito no sistema de justiça e vendo sua sentença passar. Acredito que a consequência precisa acontecer”.
Prisão e acusações
Mayfield foi preso em 06 de junho de 2023, enquanto atuava como pastor de jovens na First Baptist Gowensville, em Landrum, sob acusações de voyeurismo. Ele foi denunciado por filmar meninas de 14 anos no banheiro da igreja e por gravar mulheres em festas de noiva enquanto trocavam de roupa.
De acordo com registros judiciais citados pelo The Post and Courier Greenville, Mayfield se declarou culpado em dezembro de 2024 por posse de imagens ilegais de abuso infantil, mas continuou a responder a 167 acusações de voyeurismo.
Entre as acusações, seis são de exploração sexual de menores em primeiro grau, enquanto outras envolvem gravações ilegais realizadas durante três casamentos entre 2019 e 2021, em que Mayfield trabalhou como videomaker. Em dois desses eventos, ele teria instalado câmeras em locais onde mulheres trocavam de roupa, ambientes em que havia expectativa razoável de privacidade.
As acusações foram distribuídas entre vários condados: 109 em Greenville, 38 em Spartanburg, nove em Greenwood, seis em Charleston e cinco em Beaufort, conforme o Post and Courier.
Investigação
A investigação começou após um episódio registrado em 27 de maio de 2023, em Greenwood, quando Mayfield foi flagrado gravando uma mulher do lado de fora da janela do banheiro da casa de sua mãe. A vítima relatou que notou uma luz do lado de fora e, ao sair, encontrou o ex-pastor no quintal.
Questionado, Mayfield inicialmente negou as gravações, mas depois admitiu o ato e entregou o celular, onde estava armazenado o vídeo. Segundo depoimento policial, ao ser surpreendido, ele reagiu dizendo “Que m…” antes de interromper a gravação.
Testemunho de familiar
Entre as testemunhas do processo está Carly Hall, ex-cunhada de Mayfield, que afirmou à WYFF4 ter sido a primeira pessoa a acionar a Polícia após flagrá-lo filmando-a durante o banho em maio de 2023.
“Eu pensei que eu ia apenas tirar meu vídeo e excluí-lo onde quer que estivesse no telefone, nuvem, Google Drive, qualquer coisa. Então, eu procurei praticamente durante todo o telefone, mas não demorou muito para ver a próxima coisa”, declarou.
Hall disse ter encontrado centenas de imagens envolvendo dezenas de mulheres, crianças e até seu bebê de dois meses. Segundo ela, Mayfield instalava câmeras em casas frequentadas por ela. “Ele tinha câmeras em várias casas em que eu estava. Ele plantava câmeras lá, mas também apenas seu celular regular. Ele teria isso sempre que eu estava em sua presença. Foi sempre em filme”, afirmou.
Em outubro de 2024, após a conclusão das investigações, o escritório do xerife do condado de Spartanburg publicou uma nota em sua página oficial no Facebook, solicitando que outras possíveis vítimas se apresentassem às autoridades.
Mayfield permanece detido e cumpre pena em regime fechado. O caso segue sendo acompanhado pelos órgãos judiciais e policiais do estado, diante da gravidade dos crimes e do número de vítimas identificadas, de acordo com informações do portal The Christian Post.