Greve nacional dos caminhoneiros é anunciada por liderança

O líder categoria Francisco Dalmora Burgardt, conhecido como Chicão Caminhoneiro, declarou em Brasília nesta terça-feira, 2 de dezembro, que o movimento de caminhoneiros deflagrará uma greve geral a partir da quinta-feira, 4 de dezembro.

Durante o anúncio, Chicão esteve acompanhado pelo ex-desembargador Sebastião Coelho, que formalizou o compromisso de prestar assessoria jurídica à mobilização. O representante dos caminhoneiros informou que o documento que estabelece a base legal para o ato será protocolado ainda durante a tarde desta terça-feira.

“Estamos em Brasília, na companhia do desembargador Sebastião Coelho. Vamos protocolar o movimento para trazer a legalidade jurídica da ação que vamos iniciar no dia 4”, afirmou Chicão Caminhoneiro.

Ele assegurou que a categoria contará com suporte integral durante todo o processo. “Teremos o apoio jurídico necessário e, com a participação de todos, faremos um grande trabalho”, complementou.

Sebastião Coelho, por sua vez, agradeceu a confiança depositada nele e reafirmou seu apoio à categoria. “Eu creio que será um processo vitorioso para toda a categoria, diante da pauta que vocês irão apresentar. Estamos juntos!”, declarou o ex-desembargador.

Contexto da Reivindicação

A paralisação tem como principal motivação a pressão pela aprovação de uma anistia ampla para os indivíduos processados e condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023. Naquela data, grupos de manifestantes invadiram e depredaram as sedes do Congresso Nacional, do Palácio do Planalto e do Supremo Tribunal Federal, em episódios que foram posteriormente enquadrados judicialmente como tentativa de golpe de Estado.

A pauta pela anistia, que tramita no Congresso Nacional por meio de projeto de lei específico, defende o perdão legal e a extinção de punições para todos os envolvidos nos eventos daquele dia.

Seus proponentes argumentam que os atos foram um “excesso” em manifestações políticas legítimas. A reivindicação ganhou força após as condenações e prisões de diversas figuras públicas, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro, e tornou-se um ponto central de mobilização para setores de oposição.

Joe Rogan diz que a Bíblia é ‘fascinante’ e destaca bondade

O podcaster Joe Rogan compartilhou recentemente mais detalhes sobre sua jornada em direção ao cristianismo, explicando que se comoveu com a bondade das pessoas que frequenta na igreja e que, após refletir, passou a acreditar que a Bíblia não é inteiramente mítica. Durante um episódio do podcast American Alchemy, em 30 de novembro, Rogan afirmou: “Acho que eles estão transmitindo uma verdade”.

Ele esclareceu que, embora não considere a Bíblia totalmente mitológica, também não acredita que ela seja inteiramente precisa. “Não acho que seja um mito. Não acho que tudo seja um mito, mas também não acho que seja totalmente preciso”, disse Rogan.

O apresentador de podcast contou ainda que recentemente discutiu o livro do Apocalipse com sua filha, observando que, ao falar sobre as profecias, destacou que ninguém sabe exatamente como elas se concretizarão. Rogan afirmou que, apesar de ainda não ter certeza sobre a veracidade literal de todas as passagens bíblicas, acha a Bíblia fascinante e valorizou a gentileza dos cristãos da igreja que frequenta regularmente, uma comunidade não denominacional em Austin, Texas.

“Para mim, as Escrituras são interessantes; são fascinantes”, disse ele. “O cristianismo, pelo menos, é a única coisa com a qual tenho experiência. Funciona. As pessoas que são cristãs, que frequentam esta igreja que eu frequento, que eu conheço, que são cristãs, são as pessoas mais legais que você vai conhecer”.

Ele ainda destacou a atitude cordial dos cristãos fora da igreja, comentando: “Eles são muito gentis, e são simpáticos até mesmo fora da igreja. Quando você sai do estacionamento da igreja, todos deixam você passar na frente. Ninguém fica buzinando no estacionamento da igreja. Funciona”.

Apesar de não saber se a Bíblia é totalmente literal, Rogan acredita que ela conta a história de um evento real e da história real dos seres humanos: “Portanto, independentemente de ser ou não baseado em uma história totalmente verdadeira, acredito que seja um relato ancestral de um evento real”.

Nos últimos anos, Rogan tem se mostrado cada vez mais aberto sobre sua jornada cristã em seu influente podcast. Em janeiro, ele entrevistou o apologista cristão Wes Huff, e a conversa abordou temas sobre fé, Jesus e as afirmações sobrenaturais na Bíblia. Huff, em maio, revelou que Rogan começou a frequentar a igreja regularmente.

“Isso tem sido uma constante”, disse Huff sobre a frequência de Rogan à igreja, ressaltando que os dois continuam em contato. Rogan, inclusive, foi alvo de piadas de outros comediantes em seu podcast, no início deste ano, quando revelou que estava indo à igreja.

Em maio passado, Rogan expressou ceticismo quanto à teoria do Big Bang, que afirma que o universo se criou a partir do nada. Ele chegou a declarar que considerava a Ressurreição de Cristo mais plausível: “É engraçado, porque as pessoas ficam incrédulas com a Ressurreição de Jesus Cristo, mas, ao mesmo tempo, estão convencidas de que o universo inteiro era menor que a cabeça de um alfinete e que, sem nenhuma razão que alguém tenha me explicado adequadamente, instantaneamente se tornou tudo? Ok”.

Rogan concluiu: “Nesse ponto, fico com Jesus. Jesus faz mais sentido. Pessoas voltaram à vida”.

Em outubro, Rogan rebateu aqueles que desconsideram a Bíblia como um mito e sugeriu que esses indivíduos podem não ser tão sábios quanto pensam: “Ouço isso entre pessoas que se consideram inteligentes, como se fosse um conto de fadas”, disse ele.

“Não sei se é verdade. Acho que há mais por trás disso. Acho que é história, mas acho que é uma história confusa. É uma história confusa porque aconteceu há muito tempo, e as pessoas contavam as coisas oralmente e escreviam em uma língua que você não entende, dentro de um contexto cultural que você não entende”, finalizou o podcaster, de acordo com o The Christian Post.

Policiais resgatam homem inconsciente de carro em chamas

Policiais de Nova Jersey resgataram recentemente um homem de um carro em chamas em um incidente dramático, descrito por muitos como “um milagre”. As imagens registradas pelas câmeras veiculares e corporais mostram o momento em que os policiais se aproximaram do veículo em chamas, no dia 9 de novembro, pouco antes de ele ser completamente consumido pelo fogo.

O motorista, Safwan Islam, de 26 anos, teria sofrido um mal súbito que causou a colisão contra uma árvore. Após o acidente, o recurso “Ligar após Acidente Grave” do iPhone acionou automaticamente o serviço de emergência 911, o que possibilitou a rápida intervenção da polícia, conforme informou a WABC-TV.

Os policiais Yash Shroff e Thomas Sites, de South Brunswick, chegaram ao local e agiram prontamente. Ao perceberem que Safwan estava inconsciente e sangrando dentro do carro, quebraram a janela. A situação se agravou rapidamente, pois o veículo começou a soltar fumaça, tornando o resgate ainda mais urgente. Em questão de segundos, conseguiram arrastar Safwan para longe do carro, justo a tempo de evitar uma tragédia, pois o veículo explodiu em chamas logo em seguida.

“Estou feliz por termos conseguido tirá-lo de lá”, afirmou Shroff à WABC-TV. “Foi bem a tempo.” O pai de Safwan, Naushad, descreveu o ocorrido como “nada menos que um milagre”.

A polícia de South Brunswick também se pronunciou, destacando a bravura dos policiais: “Isso é um milagre em todos os sentidos da palavra”, disseram em comunicado. “Como pode ser visto no vídeo, é dramático ver como as chamas saltam aos seus pés enquanto retiram a vítima.”

Eles acrescentaram: “Em segundos, aquela cena se transforma em um carro completamente em chamas. Isso é um milagre — um milagre de Ação de Graças, eu diria”. Felizmente, espera-se que Safwan se recupere completamente, conforme informado pela CBN News.

O que é ser teólogo? A profissão que vai além da igreja

A profissão de teólogo vai além do púlpito e abrange diversas áreas, como escolas, ONGs, forças militares, institutos de pesquisa, mercado editorial e consultorias especializadas. Embora o estudo de Teologia seja comumente associado ao pastorado, sua atuação é ampla e impacta vários setores da sociedade.

A data que marca a profissão de teólogo serve para esclarecer equívocos e destacar a importância dessa carreira, reconhecida pela Classificação Brasileira de Ocupações (CBO 2631-15). De acordo com o CAGED, a média salarial nacional para os teólogos é de R$ 2.155, podendo chegar a R$ 3.256, dependendo da área de atuação. Por exemplo, no último concurso das Forças Armadas, o salário para o capelão do Exército foi fixado em R$ 7.315.

A procura pela graduação também impressiona. Quase 4 mil universitários concluem o curso de Teologia anualmente, número que supera em nove vezes o total de formados em Matemática, conforme o Censo da Educação Superior (Inep). O teólogo Lourenço Stelio Rega, Ph.D. em Ciências da Religião, destaca que o papel do teólogo não deve ser confundido com a função pastoral. “O pastor tem o papel de cuidar das ‘ovelhas’, orientando, aconselhando e ensinando a Palavra de Deus. Já o teólogo é voltado à pesquisa e ao desenvolvimento do conhecimento bíblico-teológico”, afirma.

Rega acrescenta que o teólogo pode atuar em diversas frentes, colaborando com organizações religiosas ou laicas, participando de produções culturais ou escrevendo livros e artigos. No entanto, ele alerta que ser teólogo não se resume a ter um diploma de Teologia: “É necessário produzir teologia séria, com fundamentação exegética, bíblica e histórica”, ressalta.

Para quem deseja seguir essa carreira, ele indica traços essenciais como vida de oração, estudo contínuo, sensibilidade ao lidar com as pessoas, capacidade de diálogo e um profundo interesse pelos dilemas humanos, sempre buscando respostas bíblicas.

A vocação do teólogo

O pastor e teólogo Israel Belo de Azevedo, da Igreja Batista Itacuruçá (RJ), acrescenta que o termo “teólogo” é relativamente recente no contexto cristão. Por séculos, a filosofia cumpria o papel que hoje é reconhecido como parte da teologia. “O uso da palavra teólogo surgiu recentemente, já que, historicamente, o filósofo desempenhava essa função. Só mais recentemente surgiu a ideia do teólogo”, explica.

Ele também observa que nem todo pastor é teólogo, e nem todo teólogo exerce o pastorado. “O pastor é um teólogo? Depende. Ele precisa estudar profundamente para ser considerado um teólogo, não apenas completar um curso de quatro ou seis anos”, conclui Azevedo, de acordo com a revista Comunhão.

Formação e regulamentação

O curso de Teologia tem duração média de quatro anos e segue diretrizes próprias definidas pelo Ministério da Educação. A graduação pode ter diferentes nomenclaturas, como Ciências Religiosas, Teologia ou Ciências da Religião, sendo oferecida tanto presencialmente quanto a distância, nos formatos de licenciatura ou bacharelado. É fundamental que o interessado verifique a autorização do curso, o corpo docente e a matriz curricular no site do MEC antes de se matricular.

Perfil e propósito

A formação em Teologia exige inclinação para o estudo, capacidade de aconselhamento e interesse pela comunicação. Na prática, o teólogo exerce funções como acompanhar pessoas, orientar, ensinar e interpretar a realidade sob uma perspectiva bíblica. Já o pastorado está relacionado ao chamado ministerial, que nem sempre depende de diploma acadêmico, dependendo da denominação.

Tomar uma decisão sobre essa carreira envolve oração, discernimento e uma avaliação cuidadosa das responsabilidades e renúncias necessárias. Buscar a direção de Deus é essencial para quem deseja seguir esse caminho.

Diretrizes Curriculares Nacionais

As Diretrizes Curriculares Nacionais do Ministério da Educação para o curso de Teologia incluem:

– Atuar conforme princípios éticos ligados aos direitos humanos, meio ambiente, educação étnico-racial e sustentabilidade

– Produzir conhecimento científico na área de Teologia e Ciências Humanas

– Interpretar textos históricos e narrativas religiosas em seu contexto

– Desenvolver pensamento reflexivo e espírito científico

– Promover inclusão social e respeito à diversidade cultural e aos direitos humanos

O curso também exige estágio, atividades complementares e a realização de um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC).

Funções do teólogo

Entre as principais atribuições do teólogo, conforme a CBO 2631-15, estão:

– Participar de diálogos inter-religiosos

– Promover retiros espirituais e fortalecer a fé através de devoções e orações

– Proclamar os princípios bíblicos e fazer análise e interpretação dos textos religiosos

– Ministrar aulas e coordenar centros de formação religiosa

– Orientar espiritualmente a comunidade e organizar a catequese

– Participar de congressos, seminários e publicações em diversas mídias

– Auxiliar na resolução de questões éticas e religiosas

– Trabalhar em centros de pesquisa e divulgar os resultados de seus estudos

O teólogo, portanto, desempenha um papel multifacetado que vai além do campo religioso, abrangendo a educação, pesquisa e a aplicação de conhecimentos teológicos em diversos contextos sociais e culturais.

Banco Central: brasileiros gastaram R$ 240 bilhões em bets

Os jogos de azar e apostas online, populares pelas chamadas bets, causam perdas econômicas e sociais ao Brasil, estimadas em R$ 38,8 bilhões anuais. Esse montante abrange danos à sociedade, como suicídios, desemprego, gastos com saúde e afastamento do trabalho. O cálculo é do estudo inédito “A saúde dos brasileiros em jogo”, divulgado em 2 de outubro, que analisa os efeitos da expansão das apostas online no país.

O valor de R$ 38,8 bilhões equivale a 26% do orçamento do programa habitacional Minha Casa, Minha Vida de 2023 ou a 23% a mais no Bolsa Família de 2024. A pesquisa é uma parceria entre organizações sem fins lucrativos dedicadas à saúde pública, como o Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (Ieps) e a Umane, e a Frente Parlamentar Mista para Promoção da Saúde Mental (FPSM), que reúne quase 200 parlamentares no Congresso Nacional.

Segundo os pesquisadores, o Brasil registrou 17,7 milhões de apostadores em seis meses, com cerca de 12,8 milhões de pessoas em risco relacionado às apostas, com base em levantamento da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Os dados foram projetados com inspiração em um estudo britânico sobre os efeitos dos jogos, e incluem as seguintes perdas econômicas diretas e indiretas:

– R$ 17 bilhões por mortes adicionais devido a suicídios

– R$ 10,4 bilhões por perda de qualidade de vida devido à depressão

– R$ 3 bilhões em tratamentos médicos para depressão

– R$ 2,1 bilhões com seguro-desemprego

– R$ 4,7 bilhões com encarceramento devido a atividades criminosas

– R$ 1,3 bilhão referente à perda de moradia

Cerca de 78,8% (R$ 30,6 bilhões) estão associados a custos com saúde. “Estudos internacionais mostram a relação entre transtornos do jogo e agravamento de quadros de ansiedade, depressão e risco de suicídio”, destaca o estudo, que utilizou estimativas monetárias para medir as perdas de qualidade e duração de vida.

A pesquisa também observa que o crescimento acelerado do setor de apostas online, impulsionado pela tecnologia e pela falta de regulação, está afetando negativamente as famílias, aumentando os transtornos do jogo e intensificando o sofrimento mental.

Retorno insuficiente

Em 2024, os brasileiros gastaram cerca de R$ 240 bilhões com apostas, e os beneficiários do Bolsa Família foram responsáveis por R$ 3 bilhões em apostas via Pix, em agosto de 2024. As apostas foram legalizadas no Brasil em 2018, regulamentadas em 2023 e começaram a pagar mais impostos a partir de 2025. Até setembro de 2024, a arrecadação chegou a R$ 6,8 bilhões, e em outubro superou os R$ 8 bilhões.

Apesar desses números, o contraste entre a arrecadação e o custo anual estimado de R$ 38,8 bilhões revela um desequilíbrio. “A arrecadação, mesmo com a projeção anual de R$ 12 bilhões, não fecha a conta do ponto de vista do interesse público”, observa o estudo.

Atualmente, as apostas são tributadas em 12% sobre a receita bruta, e o Senado analisa o Projeto de Lei 5473/2025, que propõe duplicar essa alíquota para 24%. Além disso, os apostadores pagam 15% de Imposto de Renda sobre os prêmios. No entanto, os autores do estudo criticam o fato de que, de toda a arrecadação, apenas 1% é destinado ao Ministério da Saúde, com o montante repassado até agosto somando apenas R$ 33 milhões.

Redução de danos

Rebeca Freitas, diretora de Relações Institucionais do Ieps, afirma que, sem uma regulação firme, fiscalização rigorosa e responsabilidade das operadoras, os riscos de endividamento, adoecimento e impactos sobre a saúde mental aumentarão, especialmente entre os grupos mais vulneráveis. Ela acredita que as apostas online já fazem parte da vida de milhões de brasileiros e que a proteção à população deve ser a principal preocupação.

“Essa prática está sendo incentivada por um lobby comercial poderoso, à custa da saúde do povo brasileiro”, conclui Rebeca.

CPI das Bets

O impacto das apostas foi tema de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Senado, que investigou os efeitos das apostas online nas finanças das famílias, suas supostas ligações com o crime organizado e a atuação de influenciadores que promovem essas apostas. No entanto, o relatório final foi rejeitado pelos parlamentares, sendo a primeira vez nos últimos dez anos que uma CPI do Senado teve seu relatório rejeitado.

Sem impacto positivo

Em termos econômicos, o estudo conclui que a atividade das apostas online é “irrisória” no que diz respeito à geração de empregos e renda para os trabalhadores. Com base em dados do Ministério do Trabalho, a pesquisa revelou que o setor representava apenas 1.144 empregos formais. A cada R$ 291 gerados pelas empresas, apenas R$ 1 se converte em salário formal. Além disso, 84% dos trabalhadores do setor não contribuíram para a previdência em 2024, enquanto a média da economia brasileira era de 36%.

Modelo britânico

O relatório A saúde dos brasileiros em jogo também apresentou medidas adotadas no Reino Unido para prevenir, tratar e regular as apostas:

– Autoexclusão: permite que o usuário se bloqueie de todos os sites licenciados por até cinco anos.

– Restrição à publicidade: anúncios podem ser feitos, mas são altamente regulados, não podendo sugerir que o jogo é uma solução para problemas financeiros ou ser direcionados a menores de idade.

– Destinação da arrecadação: 50% dos impostos pagos pelas apostas devem ser destinados ao tratamento de pessoas afetadas.

Sugestões

Dado que a proibição das apostas ainda não está em pauta, o Ieps sugere cinco ações para mitigar os danos no Brasil:

– Aumentar a parcela da taxação destinada à saúde

– Formar profissionais de saúde para acolhimento no SUS

– Proibir propagandas e realizar campanhas de conscientização

– Restringir o acesso de pessoas com perfil de risco e menores de idade

– Implementar regras rigorosas para as operadoras, garantindo retorno financeiro ao país e combatendo a corrupção

Rebeca Freitas ressalta que, caso a legalização das apostas seja irreversível, é necessário mitigar os danos causados e implementar políticas públicas robustas de monitoramento.

Bets contra aumento de imposto

O Instituto Brasileiro de Jogo Responsável (IBJR), fundado em 2023 e que representa cerca de 75% do mercado de apostas no Brasil, se posiciona contra o aumento da tributação, alertando que isso pode fortalecer o mercado clandestino.

De acordo com a Agência Brasil, o IBJR afirma que a oferta legal limitada, com tributação excessiva, enfraquece o setor e aumenta o risco de migração para o mercado ilegal, comprometendo tanto a competitividade quanto a arrecadação governamental. Atualmente, mais de 51% das apostas online no Brasil operam de forma clandestina, segundo o IBJR.

Papa Leão XIV elogia ‘corajoso testemunho de cristãos armênios’

O papa Leão XIV elogiou a perseverança e a fé dos cristãos armênios durante uma visita a Istambul, onde discursou para a comunidade apostólica armênia em sua catedral, uma igreja da diáspora ligada a um país marcado pelo genocídio de armênios sob o Império Otomano. As declarações ocorreram em um momento em que líderes religiosos na Armênia enfrentam crescente pressão por parte do governo.

Na Catedral Apostólica Armênia, sede espiritual do Patriarcado Armênio de Constantinopla, o papa fez um apelo por uma renovada unidade entre as igrejas cristãs. Ele agradeceu a Deus pelo “corajoso testemunho cristão do povo armênio ao longo da história, muitas vezes em meio a circunstâncias trágicas”.

O discurso foi precedido por um programa litúrgico que incluiu oração conjunta, cânticos e troca de presentes com o patriarca Sahak II Mashalian, chefe do Patriarcado Armênio na Turquia, segundo a Agência Católica de Notícias.

Durante o encontro, os dois líderes marcaram os 1.700 anos do Primeiro Concílio de Niceia, considerado o primeiro concílio ecumênico da Igreja Cristã, no qual foi proclamado o Credo Niceno e definidas doutrinas fundamentais. Segundo o papa, esses ensinamentos continuam a orientar os esforços para recuperar a unidade entre a Igreja de Roma e as “antigas Igrejas Orientais”. Ele ressaltou que a plena comunhão não significa absorção ou dominação, mas uma troca de dons concedidos pelo Espírito Santo.

O papa também recordou a figura de Nerses IV Shnorhali, santo armênio cujo 850º aniversário de morte foi recentemente lembrado. Shnorhali, católico (chefe) da Igreja Armênia no século XII, é conhecido pela poesia, pelos escritos teológicos e por iniciativas em favor da unidade com outras tradições cristãs. Leão XIV expressou a expectativa de que esse exemplo incentive novos esforços em prol da unidade e do diálogo.

O Patriarcado Armênio de Istambul atua há décadas com relativa autonomia interna, mas permanece sob autoridade espiritual do Católico de Todos os Armênios, com sede em Echmiadzin, na Armênia. A comunidade armênia na Turquia, hoje concentrada sobretudo em Istambul, diminuiu ao longo das gerações, mas mantém sua identidade por meio de instituições religiosas, escolas e iniciativas culturais.

Mais tarde, o papa visitou a Igreja Patriarcal Ortodoxa de São Jorge para participar da liturgia divina da festa de Santo André, considerado fundador e padroeiro do Patriarcado Ecumênico, principal autoridade da Igreja Ortodoxa Oriental com sede em Istambul, e também padroeiro da Turquia. Em sua fala, ele reconheceu as divisões que ainda existem entre as igrejas cristãs, mas insistiu na continuidade do esforço pelo diálogo. “Ainda existem obstáculos que nos impedem de alcançar a plena comunhão. No entanto, não devemos desistir de lutar pela unidade”, disse, segundo a CNA.

A celebração foi concluída com uma bênção ecumênica proferida em conjunto com o patriarca ecumênico Bartolomeu I, líder espiritual dos cristãos ortodoxos orientais e chefe do Patriarcado Ecumênico. Em suas intervenções, o papa também abordou questões globais, exortando os fiéis a buscarem a paz por meio da oração e da disciplina espiritual, a responderem à crise ecológica com mudanças pessoais e comunitárias e a assumirem responsabilidade compartilhada no uso da tecnologia, alertando para o risco de que seus benefícios se concentrem apenas nas mãos de elites.

Antes de deixar a Turquia, o papa participou de um almoço de despedida oferecido pelo patriarca Bartolomeu I, que incluiu sopa de camarão, robalo com legumes e doces turcos. Ele deixou o país no mesmo dia, com destino ao Líbano.

Tensão

A viagem ocorre em um cenário de tensão para a Igreja Apostólica Armênia, cuja liderança vem enfrentando pressão crescente do governo do primeiro-ministro Nikol Pashinyan. No último ano, pelo menos três clérigos de alto escalão foram presos sob acusações que incluem roubo e conspiração para golpe de Estado.

Organizações de direitos humanos afirmam que as detenções dos cristãos armênios têm motivação política e fazem parte de uma repressão mais ampla contra líderes religiosos que criticaram a condução do conflito com o Azerbaijão, especialmente após a queda de Nagorno-Karabakh e o deslocamento de mais de 120 mil armênios. Entre os detidos está o arcebispo Bagrat Galstanyan, líder do movimento de oposição Luta Sagrada, acusado de tentativa de derrubar o governo com base em gravações de áudio que grupos da sociedade civil classificaram como enganosas.

O empresário Samvel Karapetyan, conhecido filantropo ligado à Igreja Armênia, também foi preso em junho após manifestar apoio ao clero. Empresas de sua família, como a Electric Networks of Armenia e uma rede local de pizzarias, passaram a ser alvo de investigações governamentais. Karapetyan permanece em prisão preventiva, acusado de apelos públicos inconstitucionais à tomada do poder estatal.

Outros líderes religiosos, incluindo o bispo Mkrtich Proshyan, da Diocese de Aragatsotn, foram detidos em outubro juntamente com mais de uma dezena de pessoas. Proshyan responde a acusações de coagir cidadãos a participar de protestos e de uso indevido de recursos da igreja. A Igreja Apostólica Armênia negou as acusações e classificou o caso como tentativa de dificultar seu trabalho pastoral e social.

Em uma reunião em Washington, DC, organizada pela Aliança Democrática Nacional, participantes alertaram que as prisões podem comprometer a ordem constitucional da Armênia e sua relação com aliados ocidentais. Jacqueline Halbig von Schleppenbach, ex-funcionária da Casa Branca e estrategista de comunicação, declarou que a situação representa um risco para o futuro do país e para sua posição como parceira democrática.

De acordo com o The Christian Post, Joel Veldkamp, da organização Christian Solidarity International, afirmou que a sociedade civil armênia está sendo “pulverizada” sob um sistema cada vez mais autoritário e mencionou o acordo de paz com o Azerbaijão, mediado pelos Estados Unidos em agosto, expressando preocupação de que a campanha do governo contra líderes religiosos possa ameaçar tanto a estabilidade interna quanto as parcerias internacionais.

Indonésia: enchentes deixam 700 mortos e muitos desaparecidos

O número de mortos em decorrência de inundações e deslizamentos de terra em larga escala na ilha indonésia de Sumatra subiu para pelo menos 700, segundo a Agência Nacional de Gestão de Desastres do país. Milhares de pessoas continuam desaparecidas ou desabrigadas, enquanto equipes de emergência enfrentam dificuldades para alcançar comunidades isoladas.

A agência informou nesta segunda-feira que 464 pessoas ainda eram consideradas desaparecidas e 2.600 ficaram feridas, configurando um dos desastres naturais mais letais dos últimos anos na Indonésia, de acordo com o jornal The Star. A estimativa oficial aponta que mais de 1,5 milhão de pessoas foram afetadas e aproximadamente 570 mil foram forçadas a deixar suas casas, muitas delas abrigadas em prédios públicos sem acesso a água potável e eletricidade.

As autoridades registraram o maior número de mortes na província de Sumatra do Norte, onde pelo menos 283 corpos haviam sido recuperados até segunda-feira. Em Sumatra Ocidental, o total de mortos chegou a 165, enquanto a província de Aceh, no norte, contabilizou 156 óbitos. As três províncias relatam pontes destruídas, rodovias danificadas e falhas na infraestrutura elétrica, fatores que dificultam operações de resgate e distribuição de ajuda.

Em Tapanuli Central, um dos distritos mais afetados em Sumatra do Norte, moradores descreveram um cenário de caos e escassez de alimentos. Uma residente chamada Maysanti relatou que caminhões com ajuda humanitária não chegaram à aldeia e que a população passou a disputar produtos básicos. “Acabou tudo; nossos estoques de comida estão se esgotando”, disse. “Até macarrão instantâneo está sendo disputado. Nossa comida acabou; precisamos de comida e arroz. O acesso a esses recursos está completamente cortado”, relatou à BBC.

Na região de Pidie Jaya, em Aceh, as águas das enchentes chegaram ao nível dos telhados. Uma moradora, Arini Amalia, descreveu a força da enxurrada como “um tsunami” e afirmou que sua avó, que vive na região há muitos anos, nunca havia presenciado devastação semelhante. Na região central de Aceh, milhares de pessoas formaram filas diante de um prédio governamental na noite de domingo para carregar celulares ou tentar contato com familiares, após a instalação de dispositivos de internet Starlink pelas autoridades locais para restabelecer a comunicação.

A frustração com a resposta governamental ao desastre tem crescido, com críticas a atrasos na distribuição de alimentos e a falhas logísticas. Organizações humanitárias relatam dificuldade para circular por estradas cobertas de destroços e trechos de rodovias que desabaram, enquanto entraves burocráticos retardam a chegada de suprimentos. Imagens das áreas afetadas mostram bairros inteiros cobertos de lama, troncos de árvores empilhados contra construções e veículos presos em vias destruídas.

No ponto turístico conhecido como Pontes Gêmeas, em Sumatra Ocidental, máquinas pesadas estão sendo usadas para remover a lama e procurar pessoas desaparecidas. Uma moradora chamada Mariana, que perdeu vários familiares, acompanhava à beira da estrada o trabalho de escavadeiras na remoção dos escombros.

As inundações foram provocadas por chuvas torrenciais na semana passada, que fizeram rios transbordarem e encostas desmoronarem, inundando aldeias e isolando distritos inteiros. A destruição é mais severa em áreas montanhosas e litorâneas, onde deslizamentos de terra bloquearam o acesso de veículos pesados. Equipes de emergência do governo central, das forças armadas e de agências locais de gestão de desastres foram mobilizadas, mas em muitos casos helicópteros e motocicletas são os únicos meios para alcançar sobreviventes.

Especialistas afirmam que as inundações estão ligadas, em parte, a uma rara tempestade tropical formada sobre o estreito de Malaca. O ciclone, chamado Senyar, trouxe ventos fortes e chuvas intensas para Sumatra e para diversas províncias no sul da Tailândia, informou a Al Jazeera. Em Aceh e no norte de Sumatra, os cortes de energia continuam sendo generalizados, embora o fornecimento elétrico tenha sido parcialmente restabelecido em Sumatra Ocidental.

Em toda a região do Sudeste Asiático, o sistema de tempestades de maior magnitude associado a esse evento matou mais de 1.140 pessoas na Indonésia, Sri Lanka, Tailândia e Malásia. Meteorologistas atribuem as chuvas extremas à persistência do fenômeno La Niña, que tem intensificado as monções e aumentado a frequência de precipitações fortes. O tufão Senyar, que atingiu diretamente a Indonésia, também passou nas proximidades da Malásia, onde causou a morte de pelo menos duas pessoas.

O presidente Prabowo Subianto visitou, na segunda-feira, áreas atingidas pelas enchentes no norte de Sumatra. Ele reconheceu que algumas estradas permaneciam intransitáveis, mas afirmou que as equipes de emergência estão empenhadas em restabelecer o acesso e mitigar os impactos da crise.

Sudão: igrejas pichadas por muçulmanos com frases do Alcorão

Duas igrejas em Porto Sudão foram alvo de vandalismo coordenado na semana passada, quando frases de conteúdo religioso islâmico foram pintadas em grafite vermelho nas paredes externas dos templos. Os ataques ocorreram na região central da área do mercado da cidade.

Segundo a organização Christian Solidarity Worldwide (CSW), com sede no Reino Unido, a parede da Igreja Presbiteriana Evangélica do Sudão recebeu inscrições da Shahada, declaração que afirma: “Não há outro Deus além de Alá, e Maomé é o Seu mensageiro”. Ao lado, foi registrado um verso do Alcorão que diz: “Não há outro Deus além d’Ele, o Senhor do Trono Honrado”. Já na Igreja Ortodoxa próxima, vândalos picharam a frase “Alá é eterno”.

Os dois templos ficam em frente a uma delegacia de polícia e a repartições públicas, em uma área movimentada de Porto Sudão, que atua como capital administrativa de facto do país desde o agravamento do conflito. Câmeras de segurança registraram o momento em que um carro parou diante da Igreja Ortodoxa e um indivíduo desceu com uma lata de spray, aproximando-se do muro para realizar a pichação.

Os incidentes ocorrem em meio à intensificação da guerra civil entre as Forças Armadas Sudanesas (SAF) e as Forças de Apoio Rápido (RSF), iniciada em abril de 2023. Com Cartum mergulhada em violência, Porto Sudão tornou-se destino de centenas de milhares de deslocados e sede administrativa das SAF, sendo considerada zona relativamente segura até os recentes episódios. As minorias religiosas relataram aumento da preocupação após o ataque.

Apesar da visibilidade da área, autoridades locais não teriam adotado medidas após as pichações. Líderes da igreja evangélica optaram por não registrar queixa, buscando evitar tensões adicionais. Membros da congregação pintaram sobre os grafites, tentando transformar o resultado em uma forma de arte abstrata. Um integrante descreveu o episódio como “alarmante”, afirmando: “Só Deus sabe o que acontecerá se um crime de ódio como esse for tolerado”.

O diretor-executivo da CSW, Scot Bower, pediu que as autoridades investiguem o caso e destacou que a intolerância religiosa aumentou durante o conflito. Ele afirmou que comunidades cristãs precisam ter garantido o direito de praticar sua fé sem medo, de acordo com o The Christian Post.

Cristãos do norte do Sudão, especialmente das Montanhas Nuba, enfrentam há anos diversas formas de discriminação. Nessas regiões, moradores de origem árabe de Darfur são frequentemente acusados de ligação com as RSF, e restrições severas à circulação têm sido impostas por meio da política conhecida como “Rostos Estranhos”, que leva a detenções arbitrárias e processos judiciais de emergência, alguns resultando em sentenças de morte.

Em setembro, a polícia armada destruiu abrigos temporários de deslocados em Atbara, no estado do Nilo. Civis que fugiram dos combates e não receberam assistência foram obrigados a retornar a Cartum, mesmo com a cidade considerada insegura.

Contexto

O Sudão vive atualmente sua maior crise humanitária. Estimativas apontam cerca de 12 milhões de deslocados internos, enquanto 30 milhões de pessoas necessitam de assistência.

Em outubro, o evangelista Franklin Graham denunciou execuções atribuídas às RSF após a tomada de el-Fasher, em Darfur. Graham afirmou ter recebido vídeos mostrando civis baleados na cabeça, com “pilhas de corpos” deixadas para trás. A BBC verificou parte desse material, incluindo imagens que mostram um combatente conhecido como Abu Lulu atirando em nove prisioneiros desarmados. Outro vídeo, geolocalizado em um prédio universitário, registrou um homem armado executando um indivíduo sentado entre cadáveres. A equipe de verificação da emissora confirmou que outros assassinatos ocorreram em áreas rurais próximas.

As RSF, comandadas pelo general Mohammed Hamdan Dagalo, conhecido como Hemedti, têm origem na milícia Janjaweed, envolvida em massacres em Darfur no início dos anos 2000. Dagalo, oriundo de uma família árabe de comerciantes de camelos, ampliou sua força por meio de alianças tribais, milícias e recursos obtidos com a exploração de ouro. Estima-se que o grupo conte com 100.000 combatentes e receba apoio de países como Emirados Árabes Unidos, Turquia e Rússia.

O Exército sudanês apresentou recentemente uma queixa ao Tribunal Internacional de Justiça acusando os Emirados Árabes Unidos de violar a Convenção sobre o Genocídio ao apoiar as RSF. O governo emiradense rejeitou as acusações, classificando-as como uma manobra política.

Desde a deposição de Omar al-Bashir em 2019, Dagalo tem papel central no cenário político sudanês, tendo liderado o golpe que interrompeu o governo de transição. A guerra atual começou após o rompimento entre ele e Abdel-Fattah Burhan, chefe das Forças Armadas.

As RSF controlam extensas áreas de Darfur e partes de Kordofan e já anunciaram planos para estabelecer um governo paralelo nos territórios sob seu domínio.

NT Wright: cristãos interpretam mal o céu e a guerra espiritual

O teólogo britânico NT Wright, ligado à Igreja Anglicana, acredita que muitos cristãos no Ocidente têm uma visão equivocada do objetivo central da fé cristã. Segundo ele, ao invés de entenderem o cristianismo como a história de Deus renovando todo o cosmos — Céu e Terra unidos — muitos foram ensinados a ver a salvação como um plano de fuga individual, onde a alma sobe para o Céu após a morte do corpo.

Esse entendimento, de acordo com Wright, não apenas distorce a teologia da vida após a morte, mas também influencia a interpretação de temas como as profecias sobre o Fim dos Tempos e a guerra espiritual. “O problema é que a maioria dos cristãos ocidentais hoje pensa que o objetivo principal do cristianismo é que nossas almas vão para o Céu quando morremos, enquanto o Novo Testamento se concentra em Deus vindo habitar conosco”, explicou o teólogo em entrevista sobre seu livro A Visão de Efésios: A Tarefa da Igreja e a Glória de Deus. “A direção da viagem está errada, o resultado está errado e os estágios intermediários estão errados”.

Para Wright, essa interpretação equivocada moldou gerações de fiéis e a maneira como as Escrituras são lidas e entendidas. Ele observa que, no contexto do cristianismo primitivo, a ideia da alma subindo ao Céu não era uma crença comum entre os cristãos originais. “Essas eram as pessoas que hoje chamamos de platônicos médios, pessoas como Filo de Alexandria ou Plutarco. Eles falavam alegremente sobre suas almas indo para o Céu. Os primeiros cristãos, na verdade, não falavam assim”, disse Wright.

Em vez disso, o Novo Testamento apresenta uma visão diferente: não a partida da humanidade para o Céu, mas a chegada divina à Terra. Wright aponta para os capítulos finais do Apocalipse, onde “a habitação de Deus está com os homens”, e para Efésios 1:10, que descreve o propósito eterno de Deus de “reunir em Cristo todas as coisas, tanto as que estão nos céus como as que estão na terra”. “Mas seria de se esperar que o plano de Deus desde o princípio fosse nos permitir deixar a Terra e ir para um lugar chamado Céu”, refletiu. “Mas não é disso que trata Efésios, ou mesmo o restante do Novo Testamento”.

Wright também destaca a importância das traduções bíblicas. A palavra grega “psique”, frequentemente traduzida como “alma”, tem sua raiz no hebraico nephesh, que se refere à pessoa como um todo, e não a uma essência imortal. “Nefesh é o ser humano por inteiro; uma tradução melhor seria ‘pessoa’”, explicou. Passagens que muitas vezes alimentam interpretações platônicas, como a fala de Jesus ao ladrão na cruz (“Hoje estarás comigo no Paraíso”), são frequentemente simplificadas demais, segundo Wright.

Segundo ele, a “visão ocidental” sobre a questão da salvação tem se confundido com influências da filosofia grega. “Você pode se desvincular do platonismo de diferentes maneiras, mas basicamente é isso que vem acontecendo há centenas de anos”, afirmou. Para Wright, a premissa de que a questão religiosa essencial é “Como minha alma chega ao Céu?” tem guiado o ensino cristão desde a Reforma, sem que essa questão fosse amplamente questionada em sua essência.

Em seu livro, Wright argumenta que Efésios desafia essa questão, mostrando que o propósito de Deus desde o princípio é a união do Céu e da Terra sob Cristo. A oração de Paulo em Efésios 1:3-14, segundo Wright, está cheia de imagens da criação judaica e do Êxodo, culminando na declaração de que o objetivo de Deus sempre foi essa união.

Essa nova compreensão tem implicações para o conceito de “Fim dos Tempos”, um termo que Wright considera ser “muito americano”. Ele acredita que a popularização do dispensacionalismo, uma teologia que introduziu a ideia do arrebatamento e um cronograma apocalíptico, é responsável pela visão de um “fim dos tempos” com um conflito final no Armagedom. “Todo o movimento dispensacionalista gerou essa ideia de um tempo específico que podemos chamar de ‘Tempos do Fim’”, disse Wright, destacando que o Novo Testamento não sustenta essa estrutura.

Embora o dispensacionalismo tenha perdido força entre os estudiosos, continua popular entre os cristãos leigos. “Eu e outros já escrevemos mostrando que o Novo Testamento simplesmente não valida nem sustenta nada parecido com essa combinação de arrebatamento, Armagedom, etc.”, afirmou Wright. Ele também observou que esse apelo psicológico é compreensível, pois permite que as pessoas se sintam em uma posição de vantagem, acreditando em uma “verdade secreta” que está prestes a se revelar.

Wright também critica o modo como essa teologia se mistura com a política e com os conflitos no mundo real. Ele recorda os anos após o 11 de setembro, quando alguns grupos cristãos interpretaram o conflito no Oriente Médio como parte de um cumprimento apocalíptico das profecias. “Nós, do resto do mundo, olhamos para isso e pensamos: ‘Por favor, espero que vocês consigam se organizar’, porque o mundo é um lugar perigoso demais para que o país mais poderoso da Terra seja dominado por isso”, disse ele.

O teólogo reafirma que, segundo o Novo Testamento, na morte, ressurreição e ascensão de Jesus, Deus já iniciou a criação renovada. “Deus fez o que disse que faria e continua fazendo até o dia em que Jesus voltar”, afirmou. Ele também ressaltou que a Igreja tem um papel fundamental nessa renovação contínua, sendo “o pequeno modelo funcional da nova criação”, como descrito em Efésios.

No que diz respeito à “guerra espiritual”, Wright acredita que a visão popular sobre o tema foi distorcida. Em Efésios 6, onde os cristãos são exortados a vestir a “armadura de Deus”, Wright coloca essa passagem em contexto com Efésios 1 e 2, que dizem que os crentes já estão “assentados nos lugares celestiais em Cristo”. “A batalha está acontecendo agora nos lugares celestiais”, explicou Wright, destacando que a verdadeira luta não é contra forças demoníacas, mas contra a identificação errônea dos inimigos.

Wright alertou contra os extremos teológicos, seja o ceticismo que rejeita o mal espiritual ou a tendência de ver demônios em tudo. “Existem dois erros iguais e opostos. Por um lado, as pessoas que dizem que tudo isso não passa de bobagem medieval. Por outro lado, as pessoas que veem demônios em cada esquina”, afirmou, citando CS Lewis.

A Igreja Cristã primitiva, disse Wright, foi a primeira comunidade verdadeiramente multinacional e multiétnica da história, sendo um exemplo visível de que Jesus é o Senhor. Ele enfatizou que, para os cristãos, o objetivo agora é criar igrejas que reflitam a nova criação de Deus. “Nossa tarefa agora é crer no Deus do Evangelho de tal forma que possamos, de fato, fazer crescer igrejas que exemplifiquem essa ideia do pequeno modelo de trabalho da nova criação”, concluiu, de acordo com o informado pelo The Christian Post.

Pastor afirma: ideologia de ódio a judeus é doutrina de demônios

Os casos de antissemitismo aumentaram globalmente após o ataque do grupo terrorista Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023. Diante desse contexto, o pastor Jack Hibbs afirmou que interpreta o cenário como um sinal do fim dos tempos.

Com o início da guerra entre Israel e Hamas na faixa de Gaza, discursos de ódio e ataques a judeus se espalharam por diversos países. Segundo um relatório divulgado pela Organização Sionista Mundial e pela Agência Judaica para Israel, o antissemitismo global aumentou 340% nos últimos dois anos.

No Brasil, os casos de antissemitismo cresceram 350% em 2024, conforme relatório conjunto da Confederação Israelita do Brasil (Conib) e da Federação Israelita do Estado de São Paulo (Fisesp).

Esses episódios globais incluem atos graves de violência, como o assassinato de um casal judeu messiânico em Washington, ataques a sinagogas, episódios de violência em escolas e universidades, protestos anti-Israel, gestos nazistas e disseminação de conteúdo antissemita na internet.

Profecias bíblicas

Para Jack Hibbs, pastor e autor, líder da igreja Calvary Chapel nos Estados Unidos, o aumento do antissemitismo é um sinal do fim dos tempos, conforme profetizado na Bíblia. “Uma crescente visão antissemita e anti-Israel é um dos sinais do fim dos tempos. Porque a Bíblia nos diz, em Ezequiel e Zacarias, que nos últimos dias, o mundo se voltará contra Israel”, afirmou Hibbs.

Os capítulos 38 e 39 de Ezequiel descrevem a futura invasão de Israel por uma coalizão de nações lideradas por Gogue e Magogue, na qual Deus intervirá para proteger Seu povo escolhido. Hibbs comentou ainda: “Nenhum cristão deveria se incomodar com os comentários de podcasters que agora fomentam essa visão antissemita. Isso é esperado se você conhece a Bíblia. Isso não deveria te incomodar, mas também não significa que você deva ficar em silêncio. Você deveria falar mais alto.”

Doutrina de demônios

O pastor também citou 1 Timóteo 4:1, onde o apóstolo Paulo alerta que, nos últimos dias, muitas pessoas seriam enganadas e seguiriam doutrinas de demônios: “O Espírito Santo nos diz claramente que, nos últimos tempos, alguns se afastarão da verdadeira fé. Eles seguirão espíritos enganosos e ensinamentos que vêm dos demônios”, comentou Hibbs.

“É isso que está acontecendo”, afirmou, lembrando que as Escrituras preveem o retorno de Jesus a Israel em Sua Segunda Vinda. “Se Satanás sabe disso, não seria vantajoso, em seu pensamento distorcido, provocar um fluxo antissemita para tentar abolir a viabilidade da nação de Israel, dizer que Israel é ilegítimo, que não existe, que Deus não sabia do que estava falando.”

Apoio a Israel

Hibbs exortou os cristãos a apoiarem Israel diante do crescimento do antissemitismo. No entanto, ele ponderou que isso não significa que os crentes não possam ser críticos em relação a algumas ações do governo israelense. “Olha, Israel é tão bagunçado quanto a América, quanto o Canadá está bagunçado. As nações são problemáticas. Mas só existe uma nação que tem uma aliança que Deus diz: ‘Fiz com eles para sempre’, e não é a América — é Israel”, ressaltou o pastor, de acordo com informações da emissora CBN News.