Frente Evangélica contesta prisão de Bolsonaro e abre 'cisma'

A Frente Evangélica do Congresso Nacional manifestou posicionamento oficial sobre a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro em documento divulgado no sábado (22). O texto expressa “pesar e intensa preocupação” com a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e avalia que o caso possui repercussão significativa no “segmento cristão” do país.

Os parlamentares signatários declararam solidariedade ao ex-presidente e a seus familiares, enfatizando a necessidade de preservação dos direitos defensivos. “Todo cidadão tem direito ao devido processo legal, à ampla defesa e ao contraditório”, afirma a nota, que adicionalmente caracteriza Bolsonaro como idoso “que não apresenta qualquer risco de fuga”.

O documento contesta o enquadramento jurídico que fundamentou a prisão preventiva. “Direitos não podem ser reduzidos ou relativizados por interpretações legais ampliadas”, sustenta a Frente Evangélica.

De acordo com os parlamentares, decisões judiciais que consideram desproporcionais “agravam divisões e comprometem a confiança da população nas instituições”.

A nota alerta ainda para possíveis consequências políticas da medida, sugerindo que “medidas dessa natureza […] geram um ambiente de insegurança jurídica” e dificultam a pacificação social. O grupo comprometeu-se a monitorar os desdobramentos do caso “sempre em favor da legalidade, da ampla defesa, do contraditório e da segurança jurídica”.

Operação de custódia

Jair Bolsonaro encontra-se sob custódia na Superintendência da Polícia Federal em Brasília. A prisão preventiva foi decretada com base em laudo da PF que indicou possível descumprimento das regras de uso da tornozeleira eletrônica e avaliou existir risco de evasão.

O mandado foi cumprido às 6h da manhã de sábado, quando agentes federais isolaram o condomínio residencial do ex-presidente para efetuar a prisão. Na fundamentação da decisão, o ministro Alexandre de Moraes citou a convocação de uma vigília de apoio por parte do senador Flávio Bolsonaro, marcada para a noite deste mesmo dia (22), originalmente anunciada na sexta-feira (21).

Grupo de oração em clínica de aborto salva 83 bebês da morte

Um grupo de cristãos tem realizado ações de oração em frente a uma clínica de aborto em Chicago, nos Estados Unidos, afirmando que essa iniciativa tem levado gestantes a desistirem do procedimento. Há cerca de três anos, integrantes locais da organização pró-vida Love Life passaram a se reunir regularmente diante de uma das unidades com maior movimento da cidade, no estado de Illinois.

O missionário Juan-Elias Riesco, que atua em ações de intercessão em defesa da vida, divulgou em vídeo no Instagram um desses encontros. Nas imagens, é possível ver um pequeno caminhão estacionado em frente à clínica e participantes ajoelhados na calçada, orando por mulheres em situação de gravidez e por seus filhos. “Por favor, ó Senhor, inunde nossas ruas com o Espírito Santo. Por favor, ó Senhor, coloque uma palavra na boca dos pastores e cristãos para que sejam ousados e amorosos”, declarou um dos presentes, em voz audível na gravação.

De acordo com Juan-Elias Riesco, o grupo atribui às orações a decisão de diversas mulheres de não prosseguir com o aborto. “Oitenta e três bebês foram salvos do aborto desde que começaram. A maioria das pessoas não faz ideia de que isso está acontecendo em Chicago”, afirmou o missionário, ao comentar os resultados que, segundo ele, vêm sendo registrados nessas ações.

A Love Life é uma organização cristã pró-vida com sede na Carolina do Norte, que declara ter como objetivo incentivar igrejas e fiéis a se envolverem de forma mais ativa em iniciativas de apoio a gestantes e de prevenção ao aborto. A instituição informa que oferece suporte a mulheres em dificuldades financeiras, promove caminhadas de oração, programas de intercessão e incentiva o acolhimento e a adoção de crianças em situação de vulnerabilidade.

Segundo dados divulgados pela própria organização, mais de 240 mil cristãos já teriam sido mobilizados em suas campanhas, em parceria com mais de 1.500 igrejas. A Love Life também afirma que, ao longo de suas atividades, mais de 6.900 bebês deixaram de ser abortados e cerca de 1.200 pessoas decidiram se engajar na fé cristã a partir de suas ações.

“Virou crime chamar homem de homem”, diz Nicolas Ferreira

O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) condenou o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) a pagar R$ 40 mil por danos morais em ação movida por uma pessoa que se identifica como “mulher trans”.

A decisão, proferida na última quarta-feira (19), refere-se a declarações do parlamentar em 2022, quando ainda atuava como vereador em Belo Horizonte.

O caso teve origem em manifestação pública de Nikolas Ferreira sobre um vídeo em que a pessoa relatava ter sofrido discriminação em estabelecimento comercial. Na ocasião, o parlamentar afirmou: “Essa pessoa aqui se considera mulher, mas ela é homem, e estava alegando transfobia. Então agora você é obrigado a depilar um pênis ou, caso contrário, você é transfóbico”.

Em sua defesa, o deputado argumentou que suas críticas se baseiam em um conceito óbvio, que é o da biologia, a qual determina que existem apenas dois sexos – macho e fêmea – e que ambos são determinados geneticamente, e não pela forma como alguém se declara.

Ele ainda afirmou que suas argumentações estão relacionadas ao debate sobre “ideologia de gênero” e que não houve intenção de desrespeitar a dignidade da pessoa. A sentença ainda está sujeita a recurso.

Após a divulgação da decisão, Nikolas Ferreira manifestou-se em suas redes sociais: “Virou crime chamar homem de homem. Repito: virou crime dizer uma verdade biológica. Centenas de processos, nenhum condenado por corrupção, lavagem de dinheiro, desvio de emenda e roubo de aposentado. Só resta condenar por dizer verdades. Ser perseguido pelo mal é o preço de não ser um deles”.

O juiz André Salvador Bezerra, da 42ª Vara Cível de São Paulo, fundamentou a decisão afirmando que o parlamentar legitimou conduta discriminatória. Em trecho da sentença, o magistrado registrou que as declarações possuem “maior potencial nocivo perante toda a sociedade, configurando um verdadeiro incentivo para que outros estabelecimentos discriminem mulheres transgênero pelo país”.

O valor da indenização foi fixado em R$ 40 mil, valor intermediário entre os R$ 20 mil inicialmente pleiteados pela autora e os R$ 50 mil posteriormente solicitados. A defesa do deputado sustentou no processo que a republicação do vídeo “se limitou ao exercício da liberdade de expressão e manifestação político-ideológica, sem ofensas direcionadas à autora ou práticas discriminatórias”.

Família pastoral deixa Nicarágua após perseguição religiosa brutal

Uma família pastoral foi forçada ao exílio após o pai ser preso e posteriormente liberado sob condição de deixar o país, em meio a relatos de perseguição religiosa pelo governo da Nicarágua. O caso envolve duas meninas, identificadas como Alaia, de 13 anos, e Manuela, de 9 anos, que tiveram sua rotina familiar interrompida abruptamente.

De acordo com os relatos, a situação começou com a prisão do pai, pastor envolvido em atividades de evangelismo que o governo da Nicarágua consideraria uma “ameaça”. Manuela descreve o momento da separação: “Meu pai e eu andamos um pouco pela estrada, depois me despedi e vim embora com meu avô. Depois disso, não nos falamos mais”.

A família permaneceu sem informações sobre o paradeiro do pastor durante nove meses, período em que a mãe tentava diariamente visitá-lo sem sucesso. Enquanto isso, as crianças eram mantidas em uma rotina de normalidade, incluindo orações, escola e atividades religiosas.

“Minha mãe tentava nos acalmar dizendo que meu pai estava nas mãos de Deus. Ela nos lembrava que ele era um homem íntegro e que Deus não o abandonaria”, recorda Manuela.

A libertação do pastor trouxe alívio temporário, mas foi seguida por seu exílio forçado da Nicarágua. Em uma videochamada posterior, a família constatou que ele havia perdido 50 quilos durante o período de detenção.

O clímax do drama ocorreu quando a mãe e as filhas também precisaram fugir do país após receberem um alerta urgente do pastor: “Eles estão observando você. Vão prendê-la para me silenciar. Você precisa sair do país agora!”. Na mesma noite, as três deixaram a casa com poucos pertences, abandonando família, amigos e atividades regulares.

O reencontro familiar ocorreu em país não identificado. “Eu o abracei com muita força e disse o quanto sentia sua falta”, relata Manuela. Alaia complementa: “Foi lindo, mas também muito difícil. Estávamos juntos novamente, mas não em casa”.

As irmãs atribuem sua resiliência aos treinamentos de preparação para perseguição que seus pais haviam recebido e compartilhado com a família. Alaia reflete sobre a experiência: “Aprendi que a perseguição nos ensina a não nos apegarmos às coisas terrenas. Um dia, morreremos e não levaremos nada conosco. Então, a melhor coisa que podemos fazer é viver – e até morrer – por Cristo”.

*Nomes alterados por medidas de segurança da fonte.

Contexto: Organizações de monitoramento de liberdade religiosa, como a Portas Abertas, têm documentado casos crescentes de restrições a atividades religiosas na Nicarágua nos últimos anos, incluindo o fechamento de instituições e detenções de líderes religiosos.

Thalles canta hino do Flamengo na Marcha e gera polêmica

O cantor Thalles Roberto voltou ao centro dos debates nas redes sociais após se apresentar na 29ª edição da Marcha para Jesus em Imperatriz (MA), realizada no feriado da Consciência Negra, em 20 de novembro. O evento, marcado por grande público e momentos de interação, ganhou repercussão principalmente pelo momento em que o artista interpretou o hino do Flamengo.

Quando o artista decidiu entoar o hino do Flamengo, surpreendeu parte dos presentes e rapidamente se tornou tema de comentários entre fiéis nas redes sociais.

Entre os críticos, a principal preocupação foi o contraste entre o repertório de um evento voltado à adoração e evangelização e a inclusão de um hino ligado a um time de futebol. Para esse grupo, a presença de um elemento identificado como secular destoaria da proposta central da Marcha para Jesus, dedicada à exaltação de Deus. Alguns internautas lembraram que, em determinadas comunidades cristãs, o futebol pode ser associado à ideia de “idolatria” e, por isso, não deveria ocupar espaço em uma programação de caráter estritamente religioso.

Uma participante citou o texto bíblico de 1 João 2.15–17 para expressar seu posicionamento, destacando o trecho: “Não amem o mundo nem o que nele há… aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre”.

Outros participantes, porém, interpretaram o episódio de forma diferente. Para esse grupo, o momento foi visto como um gesto pontual e descontraído, sem comprometer o conteúdo principal da ministração ou o propósito do evento. Nas redes sociais, alguns usuários saíram em defesa do cantor, argumentando que avaliações rigorosas sobre atitudes pontuais não deveriam ofuscar o conjunto de sua trajetória na música cristã.

Um seguidor comentou: “Acho tão chato esse policiamento. Se ele errou, o problema é dele com Deus. Continuo vendo o agir do Senhor na vida dele. Muita gente já foi curada e alcançada por meio das músicas de Thalles”.

O registro da cena circulou amplamente nas plataformas digitais e reacendeu discussões internas no meio evangélico sobre limites, discernimento e postura em eventos religiosos.

Mãe recorre de decisão que a proibiu de levar a filha à igreja

Uma mãe solteira do estado do Maine, nos Estados Unidos, recorreu à Justiça para tentar reverter uma decisão de custódia que a impede de levar a filha de 12 anos à igreja Calvary Chapel, em Portland.

A ordem de instância inferior, emitida em dezembro de 2024, também restringe o acesso da menina a atividades religiosas ligadas à denominação, após o tribunal aceitar a alegação feita pelo pai de que se trata de uma “seita”, segundo a argumentação apresentada no processo.

A mãe, Emily Bickford, é representada pelo Liberty Counsel, organização jurídica cristã que levou o caso à Suprema Corte Judicial do Maine. Em comunicado divulgado ao The Christian Post, o fundador e presidente do grupo, Mat Staver, afirmou que, na visão da entidade, a decisão viola garantias constitucionais. “A Calvary Chapel não é uma seita. Esta ordem judicial que proíbe Emily Bickford de levar seu filho a uma igreja cristã por causa de seus ensinamentos bíblicos viola a Primeira Emenda”.

Staver também declarou que, na avaliação do Liberty Counsel, o alcance da decisão é amplo. “O alcance desta ordem judicial é impressionante, pois proíbe até mesmo o contato com a Bíblia, literatura religiosa ou filosofia religiosa”. Para ele, as medidas representam “uma séria ameaça à liberdade religiosa”.

A Suprema Corte do Maine ouviu os argumentos orais do caso em 13 de novembro. No recurso, os advogados de Bickford sustentam que a decisão do tribunal distrital violou direitos protegidos pela Primeira e Décima Quarta Emendas da Constituição dos EUA. “O tribunal distrital alegou que ‘não estava tomando posição sobre nenhum princípio religioso’. Bobagem”, diz o documento apresentado pelo Liberty Counsel.

Segundo a argumentação da defesa, o tribunal de primeira instância teria classificado as crenças de Bickford como “sectárias” e psicologicamente prejudiciais, usando essa avaliação para limitar o direito da mãe de orientar a educação religiosa da filha. A ordem concedeu ao pai, Matthew Bradeen, “o direito e a responsabilidade de tomar decisões sobre se [a menor] participa de quaisquer cultos, reuniões ou eventos associados à Calvary Chapel”.

A decisão também determina que ambos os pais pesquisem e discutam sobre a igreja e se a participação da criança é ou não de seu interesse. No entanto, o texto registra que, “tendo em conta o histórico da Sra. Bickford de abdicar da sua autonomia de decisão em favor da Calvary Chapel, o Sr. Bradeen tem o direito de tomar as decisões finais relativamente à participação da [criança menor] em outras igrejas e organizações religiosas, em caso de litígio entre as partes”.

De acordo com o recurso, Bickford começou a frequentar a Calvary Chapel em maio de 2021. Bradeen afirmou ter se preocupado, após pesquisar a igreja, com ensinamentos como a afirmação de que “as pessoas só podem ser salvas encontrando Deus nos termos de Deus”. Ele também se opôs ao fato de a congregação ensinar a Bíblia “versículo por versículo, capítulo por capítulo”, incluindo referências à condenação eterna, anjos caídos, demônios e relatos de guerras bíblicas.

Como parte da instrução do caso, Bradeen contratou a socióloga Janja Lalich, da Califórnia, para prestar depoimento como especialista em dinâmicas de grupos considerados sectários, segundo o Liberty Counsel. O tribunal distrital registrou, com base nesse testemunho, que Lalich avaliou a Calvary Chapel como “um excelente exemplo de um sistema social fechado” que seguiria o chamado “modelo de Moisés”, onde pastores teriam autoridade incontestável e pouca ou nenhuma prestação de contas a fiéis ou instâncias superiores.

Ainda de acordo com o parecer do Liberty Counsel, o tribunal de primeira instância concluiu que os sermões na Calvary Chapel continham “retórica odiosa”, com elementos de homofobia, rejeição à ciência e críticas às escolas públicas.

A Calvary Chapel é uma rede de centenas de igrejas evangélicas carismáticas autônomas, com origem na Calvary Chapel Costa Mesa, liderada por Chuck Smith na Califórnia, a partir da década de 1960. O movimento ligado à denominação teve papel de destaque no chamado “Movimento de Jesus” dos anos 60 e 70, tema do filme “Jesus Revolution”, lançado em 2023.

O tribunal distrital também considerou que a frequência da filha à Calvary Chapel teria impacto negativo sobre sua saúde emocional. Como exemplo, a decisão menciona um culto no qual o pastor orou publicamente pela disputa de guarda, na presença de Bickford e da menina.

Além de atribuir a Bradeen a decisão final sobre a participação da filha em igrejas e organizações religiosas, a ordem judicial também lhe conferiu autoridade principal sobre a condução de cuidados médicos da menor. O tribunal indicou que, em sua avaliação, as crenças religiosas de Bickford tornariam “improvável” a busca por tratamento de saúde mental ou outros cuidados médicos.

No recurso, o Liberty Counsel afirma que a decisão não apresentou provas de que as convicções religiosas de Bickford tenham determinado escolhas em relação à saúde da filha, e aponta inconsistências entre essa avaliação e outros trechos da sentença.

Segundo o News Center Maine, Bradeen pediu a modificação da guarda depois de relatar que a filha teria começado a ter crises de pânico após frequentar a Calvary Chapel em Portland. O pai declarou ainda que a menina passou a espalhar bilhetes pela casa com a frase “o arrebatamento está chegando” e demonstrar preocupação com o destino eterno de familiares que não frequentam a mesma igreja.

A Suprema Corte do Maine deve decidir sobre o caso após analisar os argumentos escritos e orais apresentados pelas partes, sem prazo divulgado até o momento para a publicação do veredito.

Pastor renunciará ao cargo na igreja que fundou há quase 40 anos

O veterano pastor Michael Youssef, fundador da Igreja dos Apóstolos, em Atlanta, Geórgia (EUA), anunciou que deixará o cargo de pastor principal para se dedicar integralmente a outras frentes de atuação ministerial. A transição está prevista para o verão do próximo ano, segundo comunicado divulgado no domingo.

De acordo com a nota, Youssef passará a concentrar o seu trabalho na Leading The Way, organização de alcance global que ele fundou e dirige. A mudança também foi apresentada na assembleia anual da Igreja dos Apóstolos e vinha sendo planejada com antecedência.

O substituto será o filho mais novo de Youssef, Jonathan, que assumirá a função de pastor principal da congregação. O atual líder afirmou que enxerga a mudança como parte da nova etapa da igreja. “Agora que Deus levantou meu filho Jonathan para liderar a Igreja dos Apóstolos em sua próxima fase de crescimento, dedicarei toda a minha atenção à Leading The Way”.

Youssef também informou que continuará vinculado à igreja, em caráter honorífico. A liderança local o convidou a permanecer como “Reitor Fundador Emérito”, com a função de contribuir para a continuidade do trabalho.

Ao explicar a decisão, o pastor destacou que deseja intensificar o foco em evangelização e mídia cristã. Segundo ele, o objetivo é “alcançar o máximo de pessoas possível” e aproveitar enquanto houver espaço em diferentes países para a proclamação do Evangelho. “Se ficarmos parados, teremos perdido uma grande oportunidade”, afirmou.

Nascido no Egito em 1948, Youssef se converteu ao cristianismo aos 16 anos. Sua biografia registra formação no Moore College, em Sydney (Austrália), no Seminário Teológico Fuller, na Califórnia, e doutorado em antropologia cultural pela Emory University.

A Igreja dos Apóstolos foi fundada em 1987, em Atlanta, com cerca de 40 membros, e hoje reúne mais de 3.000 frequentadores. No ano seguinte, em 1988, Youssef lançou a Leading The Way como um ministério de rádio, que posteriormente se expandiu para televisão, internet e outras mídias.

Atualmente, segundo dados oficiais do ministério, o conteúdo da Leading The Way é disponibilizado em 28 idiomas e atinge milhões de pessoas semanalmente em diferentes regiões do mundo. O site da organização descreve o projeto como um esforço para “proclamar com paixão a verdade de Cristo por todos os meios disponíveis”, por meio de transmissões, eventos evangelísticos, recursos digitais e iniciativas de oração.

Em entrevista recente ao The Christian Post, Youssef comentou que uma de suas preocupações é preparar a próxima geração para assumir funções de liderança. Ele afirmou que observa maior envolvimento de cristãos mais jovens em áreas como tecnologia e comunicação e que busca incluí-los nos processos de direção desde agora.

Jonathan Youssef, de 41 anos, já divide o púlpito com o pai e tem pregado com frequência crescente na Igreja dos Apóstolos. Segundo Michael, a transição também é uma forma de reforçar a responsabilidade da nova geração. “Digo a eles: ‘Vocês precisam carregar o bastão. Não podem esperar até que nós partamos’. Não queremos ser a geração com a qual o Evangelho se interrompe”.

Total de homens que alegam serem vítimas de ex-pastor chega 12

Mais seis homens ingressaram com ações judiciais federais na última semana, alegando terem sido abusados sexualmente e vítimas de tráfico humano por Paul Havsgaard, ex-pastor da Harvest Christian Fellowship, enquanto viviam em lares infantis administrados pela igreja na Romênia, hoje desativados.

Com os novos processos, o número de denunciantes sobe para 12. As ações também citam o fundador da megaigreja californiana, Greg Laurie, e o pastor missionário Richard Schutte por suposta negligência, ao não impedirem os abusos e, segundo os autores, acobertarem a situação por cerca de duas décadas.

O escritório McAllister Olivarius, que representa os ex-internos, informou em comunicado divulgado em setembro que pretende apresentar queixas em nome de 23 antigos moradores dos lares.

As últimas petições foram protocoladas nos dias 14, 17 e 18 de novembro, em nome de Aurelian Busca, 37 anos; seu irmão, Alexandru-Cristian Busca, 38; Marian Dragne, 36; Bogdan Ionescu, 35; Alexandru Badaluta, 36; e Florin Cristian Caragea, 32.

O Christian Post informou ter buscado posicionamento da Harvest Christian Fellowship sobre os novos documentos, sem retorno até o momento da publicação. O veículo também não conseguiu contato com Havsgaard.

Em setembro, o mesmo escritório já havia ajuizado ações no Tribunal Distrital dos Estados Unidos para o Distrito Central da Califórnia em nome de Marian Barbu, 33 anos; Mihai-Constantin Petcu, 40; Cristian Aeroaiei, 36; Constantin-Alin Nitu, 36; Razvan-Georghe Nitu, 38; e George-Adrian Vasile, 33.

De acordo com os processos, Laurie enviou Havsgaard, então pastor veterano da Harvest, à Romênia em 1998 para administrar casas de acolhimento patrocinadas pela igreja para jovens em situação de risco, em um país descrito nas ações como um dos centros de tráfico sexual infantil na Europa.

Os autores relatam que muitos viviam nas ruas de Bucareste antes de serem encaminhados aos Abrigos Harvest, atraídos com refeições em redes de fast food e a promessa de um local seguro para dormir. Na prática, afirmam, foram submetidos a abusos físicos e sexuais recorrentes, descritos nas ações como ocorridos em “escala industrial”.

Segundo os relatos, as consequências se estenderam pela vida adulta, com episódios de transtorno de estresse pós-traumático, depressão, dependência química e dificuldades educacionais.

Em nota anterior, um porta-voz da Harvest Christian Fellowship classificou as alegações como “sérias e perturbadoras” e negou que a igreja tenha acobertado conscientemente qualquer abuso. Afirmou ainda que, após ser contatada por representantes dos denunciantes, a Harvest em Riverside encaminhou o caso à polícia e se colocou à disposição para cooperar com eventuais investigações, sustentando também que as ações poderiam representar “uma forma de extorsão financeira” e declarando que a igreja pretende “se defender vigorosamente contra essas alegações” nos tribunais.

O porta-voz não voltou a se manifestar depois dessa primeira declaração. A polícia de Riverside informou que não há investigações em andamento contra Havsgaard e não esclareceu para qual órgão as denúncias teriam sido encaminhadas.

Os líderes da Harvest Christian Fellowship são acusados nos processos de falhas de supervisão sobre o trabalho de Havsgaard, ao mesmo tempo em que a igreja arrecadava doações apresentando os lares como projeto social na Romênia.

Os ex-moradores afirmam que foram aliciados para uma rotina de violência e abusos ao longo de anos e, posteriormente, dispensados e devolvidos às ruas quando as casas foram fechadas de forma discreta em 2008, quatro anos depois de uma investigação interna da Harvest ter confirmado oficialmente parte das denúncias, a partir de alertas de missionários que atuavam no campo.

As acusações contra Havsgaard incluem diferentes formas de contato sexual não consentido, exposição a pornografia e tráfico de adolescentes para terceiros.

Os autores pedem indenização por suposta negligência na supervisão e gestão dos lares, por imposição intencional de sofrimento emocional, tráfico sexual e conspiração, entre outras acusações.

Razvan-Georghe Nitu, um dos denunciantes que ingressou com ação em setembro, afirma ter sido abusado sexualmente por Havsgaard em diversas ocasiões entre 2000 e 2007, dos 13 aos 20 anos de idade.

Os processos também alegam que Laurie e Schutte mantiveram Havsgaard em atividade na Romênia, com supervisão limitada, apesar de sucessivos alertas sobre abusos contra crianças. Segundo os documentos, a Harvest depositava mensalmente cerca de US$ 17 mil na conta pessoal de Havsgaard para custear as despesas dos lares, sem exigir prestação de contas detalhada. As ações afirmam que parte desses recursos teria sido desviada para beneficiar vítimas favoritas e para pagamento de subornos.

Havsgaard voltava com frequência à Harvest Christian Fellowship, na Califórnia, para levantar fundos para o trabalho na Romênia. Os denunciantes afirmam que alguns abusos teriam continuado durante essas viagens.

De acordo com os processos, missionários norte-americanos que atuavam em lares romenos e ouviram relatos de abusos entraram em contato com a Harvest em 2004 e pressionaram Schutte a enviar uma equipe de inspeção. Quando Schutte se juntou ao grupo em Bucareste, um ministro da Calvary que trabalhava no país teria dito que Havsgaard era um abusador de crianças e deveria deixar a Romênia imediatamente, por ser “uma vergonha para missionários e obreiros cristãos”.

Os documentos afirmam que lideranças da Harvest, na Califórnia, teriam indicado à equipe que Havsgaard era considerado essencial para a captação de recursos e, por isso, não seria afastado naquele momento. Ele permaneceu no posto por mais quatro anos, período em que o financiamento foi reduzido gradualmente até o fechamento das casas em 2008, quando retornou aos Estados Unidos.

As ações sustentam que, durante esse intervalo, os abusos continuaram e que, ao final de seu período de atuação, Havsgaard recebeu cerca de US$ 200 mil em pagamentos, de acordo com o informado pelo portal The Christian Post.

Os documentos também registram que, em 2009, Laurie apresentou publicamente Havsgaard como “um pastor que serviu fielmente ao Senhor por muitos anos na Harvest Christian Fellowship, a igreja onde eu pastoreio” e comparou seu trabalho na Romênia à liderança de Moisés sobre os israelitas, afirmando que sua vida “demonstra o poder que apenas uma pessoa piedosa pode ter”.

Novo sequestro: 300 meninas levadas de escola cristã na Nigéria

Mais de 300 alunas e 12 funcionários da escola cristã St. Mary, no estado de Níger, no Noroeste da Nigéria, foram sequestrados nas primeiras horas da manhã de sexta-feira, 21 de novembro. O caso se soma a uma sequência recente de raptos em massa na região.

De acordo com o pastor Bulus Dauwa Yohanna, presidente da Associação Cristã da Nigéria (CAN) no estado de Níger e proprietário da escola, cerca de 50 meninas, com idades entre 10 e 18 anos, conseguiram escapar entre sexta-feira e sábado. Segundo ele, permanecem em cativeiro 253 alunas, além de 12 integrantes da equipe escolar.

Em resposta ao episódio, o presidente nigeriano, Bola Tinubu, determinou a contratação de mais 30 mil policiais após reunião com chefes de segurança no domingo. Tinubu ordenou também a retirada de agentes de funções de proteção VIP para reforçar o policiamento em áreas remotas consideradas mais vulneráveis a ataques.

Autoridades nigerianas decidiram ainda fechar quase 50 colégios federais e diversas escolas públicas no Norte do país, atingindo mais de dez mil unidades de ensino. Fontes locais e parceiros da organização Portas Abertas afirmam que se trata do maior sequestro escolar já registrado na Nigéria. Comunidades foram orientadas a evitar viagens em grupo, diante da expectativa de novos raptos nas próximas semanas.

O ex-ministro da Informação, Jerry Gana, declarou que grupos armados responsáveis pela atual onda de sequestros podem estar utilizando crianças como “escudos humanos” após ameaças feitas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Em declarações citadas pelo jornal local Punch, Gana sugeriu que o aumento repentino dos raptos estaria ligado ao temor de que esses grupos sejam alvo de ações de potências estrangeiras.

Reportagens locais, como a publicada pelo portal EDUGIST em 4 de fevereiro de 2024, apontam que a insegurança generalizada condena milhões de crianças ao analfabetismo, ao casamento precoce e à pobreza. Especialistas ligados à Portas Abertas avaliam que esse cenário facilita o recrutamento por grupos de militância islâmica, alimentando um ciclo de violência e opressão.

“Estamos profundamente entristecidos por esses últimos sequestros no Norte da Nigéria”, afirmou Jo Newhouse (pseudônimo), porta-voz da Portas Abertas na África Subsaariana. “Isso nos remete imediatamente ao sequestro das meninas de Chibok, do qual muitas jovens ainda estão em cativeiro”.

A porta-voz apelou às autoridades federais por uma resposta efetiva: “Pedimos ao governo nigeriano que faça tudo ao seu alcance para devolver estudantes e professores às suas famílias e garantir que as escolas sejam protegidas contra tais ataques”.

Newhouse acrescentou que o fechamento de escolas não pode ser visto como solução permanente. “Fechar escolas é uma medida de curto prazo. Todas as crianças devem ser livres e seguras para frequentar a escola e receber educação”, concluiu.

Leão XIV aceita renúncia de bispo acusado de cometer abusos

O papa Leão XIV aceitou a renúncia do bispo de Cádis, Rafael Zornoza, apresentada há cerca de 15 meses, após o prelado completar 75 anos, idade prevista para aposentadoria de bispos na Igreja Católica.

A decisão, tornada pública no último sábado, 22 de novembro, ocorre em meio à investigação de uma denúncia de abuso sexual contra um menor no período em que Zornoza atuava no seminário de Getafe, ao sul de Madri.

No boletim divulgado pelo Vaticano, a Santa Sé comunicou apenas que o papa aceitou a renúncia, sem detalhar os motivos, conforme o procedimento habitual. A Conferência Episcopal Espanhola informou que ainda não foi nomeado um sucessor para a Diocese de Cádis e que o bispo auxiliar de Sevilha, Ramón Valdivia, assumirá interinamente como administrador apostólico.

Zornoza apresentou sua renúncia ao completar 75 anos, em conformidade com o Código de Direito Canônico, há 15 meses. A aceitação pelo pontífice costuma levar algum tempo, enquanto se define a sucessão, e é considerada prática corrente em diversas dioceses.

A transição também coincidiu com a nomeação do novo prefeito do Dicastério para os Bispos, o italiano Filippo Iannone, escolhido por Leão XIV no fim de setembro e empossado em 15 de outubro, responsável por encaminhar ao papa as propostas de nomeações e renúncias episcopais.

A decisão ocorre após reportagem do jornal El País noticiar que Rafael Zornoza está sendo investigado pelo Dicastério para a Doutrina da Fé por supostos abusos cometidos entre 1994 e o início dos anos 2000, quando era sacerdote e dirigia o seminário da diocese de Getafe. Segundo o diário, a investigação canônica estaria em curso há cerca de quatro meses.

Nesta semana, o presidente da Conferência Episcopal Espanhola, Luis Argüello, afirmou que o papa foi informado sobre o caso em uma reunião anterior à Assembleia Plenária e destacou que a aceitação da renúncia é prerrogativa exclusiva do pontífice.

Questionado pela imprensa na terça-feira passada, Leão XIV declarou que “é preciso permitir que a investigação continue” no Vaticano e que, a partir das conclusões, serão adotadas “as consequências”, de acordo com a agência EFE.

O bispo emérito de Cádis nega as acusações. Zornoza anunciou a suspensão temporária de sua agenda pública, alegando necessidade de colaborar com o esclarecimento dos fatos e de se dedicar ao tratamento de um câncer, diagnóstico que não havia tornado público anteriormente.