Promotores pedem pena de morte para homem que matou pastor

O Ministério Público do Condado de Maricopa (Arizona) informou que pretende solicitar a pena de morte para Adam Christopher Sheafe, de 51 anos, acusado de matar o pastor William Schonemann, de 76 anos, em sua residência no início deste ano. Segundo a promotoria, Sheafe confessou ter cometido o crime no estilo de crucificação.

De acordo com reportagens locais, os promotores protocolaram notificação formal de que buscarão a pena capital contra o réu, que, apesar de ter admitido em entrevistas ter crucificado o pastor da New River Bible Chapel, se declarou inocente em uma audiência realizada em julho.

O advogado de defesa criminal Russ Richelsoph afirmou que a declaração de inocência segue um procedimento comum no processo penal. “Um juiz em uma audiência de acusação por crime grave nunca vai permitir que um réu se declare culpado”, disse Richelsoph, acrescentando que “pessoas desequilibradas confessam crimes que não cometeram”.

Segundo relatos à imprensa, em entrevistas reproduzidas pela acusação Sheafe descreveu ter entrado na casa de Schonemann em abril e colocado uma coroa de espinhos na cabeça da vítima antes de matá-la. Em depoimentos citados pelos promotores, ele teria também declarado planos para matar um total de 14 pastores ou padres em várias cidades dos Estados Unidos, alegando que essas lideranças estariam “desviando fiéis do caminho certo”.

Sheafe foi preso em Sedona em 30 de abril, depois que o gabinete do xerife do Condado de Maricopa o identificou como suspeito no caso. As autoridades informaram que, na ocasião, ele também estava sob investigação por outros supostos crimes, com participação do FBI em apurações relacionadas.

Em entrevistas divulgadas, o acusado disse não sentir remorso e afirmou que, se tivesse poder, “executaria todos os padres e incendiaria todas as igrejas”. Trechos dessas declarações constam no material que o promotor pode usar em eventual julgamento, conforme observou o advogado de defesa.

Sheafe relatou ainda ter selecionado vítimas quando elas estavam sozinhas, para evitar atingir outras pessoas. Em um dos relatos, afirmou ter desistido de matar um padre depois de ver duas mulheres saindo da garagem; em outro, disse que dois pastores escaparam porque ele perdeu o carro durante uma perseguição policial em alta velocidade.

Em declarações citadas pela imprensa, ele listou várias cidades onde planejava cometer ataques, incluindo Las Vegas, Portland, Seattle, Billings, Detroit, Nova York, Charlotte, Mobile, Beaumont e El Paso — e afirmou que quatro desses alvos seriam no Arizona.

Documentos mencionados pela imprensa indicam que, antes do ataque a Schonemann, Sheafe residia em Oceanside (Califórnia) e trabalhava em um restaurante em Carlsbad. Em fevereiro, ele teria apresentado um processo contra a plataforma de negociação NinjaTrader, no qual afirmou sofrer de vício em jogos de aposta e buscava indenização por perdas financeiras. No pedido, Sheafe alegou ter perdido mais de US$ 40.000 em contratos futuros e afirmou ter requerido proteção por meio de falência do tipo Chapter 7 em 2024.

O caso segue em tramitação no sistema de justiça do Arizona. A estratégia de buscar a pena de morte agora abre caminho para uma fase processual em que o tribunal deverá decidir se autoriza a inclusão da punição máxima no processo, conforme informado pelo portal The Christian Post.

Quadrangular: Mário de Oliveira completa 80 anos com polêmicas

O pastor Mário de Oliveira, presidente nacional da Igreja do Evangelho Quadrangular, completou 80 anos de idade na última segunda-feira, 3 de novembro de 2025, concomitante aos 60 anos de dedicatória ao ministério pastoral.

Natural do município de Bauru, interior de São Paulo, o líder religioso consolidou uma trajetória marcada pela expansão denominacional e formação de lideranças, mas também de algumas polêmicas.

Sua atuação ministerial ganhou projeção durante o período em que liderou a expansão da Quadrangular no estado de Minas Gerais. Foi sob sua coordenação que a denominação estabeleceu seu primeiro templo na capital Belo Horizonte, iniciativa que posteriormente resultou na abertura de centenas de igrejas e na capacitação de milhares de obreiros em território nacional.

Atuação midiática

Além das atividades pastorais, Mário de Oliveira construiu uma trajetória paralela no meio radiofônico. Por anos, esteve à frente do programa “Cadeia da Prece”, transmitido inicialmente pela Rádio Itatiaia, alcançando altos índices de audiência e estabelecendo-se como voz de referência para fiéis mineiros. Atualmente, mantém transmissões regulares pela Rádio 107,5 FM, conhecida como Rádio do Povo de Deus.

Denúncia e ação judicial

Em 2025, a Justiça de Minas Gerais, na Comarca de Montes Claros, determinou o arquivamento de inquérito que investigava denúncias contra o pastor. Em decisão, o Ministério Público local alegou ausência de provas e indícios mínimos para prosseguimento do caso, caracterizando a ação como “lide temerária”.

O termo judicial designa processos movidos sem fundamentação factual suficiente, passíveis de causar danos morais e sociais ao acusado.

Em maio desse ano, a senadora Damares Alves (Republicanos-DF), cuja trajetória religiosa passa pela Quadrangular, veio a público para cobrar o afastamento de Mário de Oliveira, segundo ela, por causa de investigações sobre denúncias de estupro de vulnerável e abuso sexual de menores.

“Recebi a notícia de que o presidente da minha antiga igreja, o pastor Mário de Oliveira, está sendo acusado de estupro de menores e abuso de mulheres. Isso me causa profunda dor e indignação”, afirmou a senadora à época.  

Vida pessoal

Casado com a pastora Bianca Rabelo de Oliveira, é pai de dois filhos: Mário Júnior e Arthur de Oliveira. Aos 80 anos, o religioso ainda mantém uma rotina de trabalho ativa, envolvendo atividades administrativas, viagens, gravações e pregações.

Colegas próximos relatam que o pastor preserva hábitos de caminhadas, leitura e planejamento de projetos futuros para a denominação, uma vez que mesmo após 60 anos, Mário de Oliveira continua a frente da Quadrangular.

Furacão na Jamaica: cristãos montam hospital de campanha

A organização humanitária Samaritan’s Purse, presidida por Franklin Graham, enviou um hospital de campanha com 30 leitos para a cidade de Black River, uma das regiões mais devastadas da Jamaica, após a passagem do furacão Melissa. A iniciativa busca oferecer assistência médica emergencial depois que o hospital local foi completamente destruído pela tempestade.

Em comunicado oficial, a entidade informou que o hospital foi montado “no epicentro da destruição” e está equipado com sala de cirurgia, unidade de terapia intensiva, pronto-socorro, maternidade, laboratório, farmácia e banco de sangue. O envio ocorreu cinco dias após Melissa atingir a costa jamaicana como furacão de categoria 5, com ventos de até 298 km/h, deixando Black River sem energia elétrica e centenas de moradores desabrigados.

Além da estrutura hospitalar, a Samaritan’s Purse também enviou 100 toneladas de ajuda humanitária por via aérea, incluindo sistemas de purificação de água com capacidade para atender 10 mil pessoas por dia, kits de higiene, lâmpadas solares, materiais para abrigo e filtros domésticos de água. A operação conta com a colaboração de mais de 200 igrejas parceiras em todo o país, e novos voos de ajuda estão previstos para os próximos dias.

Resposta emergencial

O furacão Melissa é considerado o mais forte da história da Jamaica, provocando chuvas torrenciais, ventos extremos e ressacas severas. Milhares de pessoas continuam abrigadas em centros de emergência, e grande parte da ilha permanece sem fornecimento de energia elétrica.

“O furacão Melissa devastou a Jamaica, causando sérios danos a casas, escolas, hospitais e empresas”, declarou Franklin Graham. “Por favor, orem por aqueles que perderam tanto e por nossas equipes enquanto trabalhamos, em nome de Jesus”, acrescentou.

A Samaritan’s Purse mantém presença ativa em regiões afetadas por desastres desde 1970, oferecendo assistência médica, alimentação, água potável e apoio espiritual em situações de crise.

Organizações cristãs

Diversas entidades religiosas e humanitárias também iniciaram operações de socorro no Caribe. A Convoy of Hope enviou equipes para White Hall, outra área gravemente atingida, onde distribui alimentos, água e suprimentos básicos.

A Catholic Relief Services (CRS), com mais de 100 funcionários no Haiti e parceiros locais na Jamaica, informou estar trabalhando para proteger abrigos, escritórios e armazéns, além de fornecer água potável e assistência a famílias que perderam suas casas e plantações.

O Exército da Salvação iniciou a distribuição de abrigo emergencial, alimentos e água potável, mas relatou danos severos em várias de suas instalações no oeste da Jamaica. A sede divisional sofreu alagamentos e bloqueios causados por lama, deixando veículos imobilizados e dificultando o envio de suprimentos.

Mesmo diante das dificuldades, a instituição afirmou que está priorizando o resgate e apoio de seus funcionários e familiares, ao mesmo tempo em que mantém o compromisso de socorrer as vítimas do furacão Melissa, de acordo com o The Christian Post.

Segundo as autoridades jamaicanas, o país enfrenta um dos piores desastres naturais em nove décadas, com infraestruturas críticas destruídas e ampla necessidade de ajuda internacional.

Acelerado declínio da presença cristã na Síria é preocupante

Em declaração proferida em Roma, o arcebispo Jacques Mourad, líder da Igreja Católica Siríaca para as regiões de Homs, Hama e Nabek, advertiu sobre o acelerado declínio da presença cristã na Síria.

Segundo relatos da fundação Ajuda à Igreja que Sofre (ACN), o prelado descreveu a situação eclesiástica como “morrendo” e solicitou ação internacional imediata para conter o colapso.

Dados do relatório “Liberdade Religiosa no Mundo 2025”, divulgado pela ACN no mês passado, indicam redução drástica na população cristã síria: de aproximadamente 2,1 milhões em 2011 para cerca de 540.000 em 2024.

O arcebispo atribuiu esse êxodo na Síria à “situação política e econômica desastrosa” do país, que tem motivado dezenas de milhares a buscarem refúgio externo.

“Nenhum dos esforços da Igreja universal ou da Igreja local conseguiu estancar a onda do êxodo”, afirmou Mourad. “As causas não estão relacionadas à Igreja, mas sim à desastrosa situação política e econômica do país.”

O religioso, que permaneceu sequestrado por combatentes do Estado Islâmico por cinco meses em 2015 antes de conseguir escapar, enfatizou que apenas reformas políticas e garantias de segurança poderiam reverter a atual tendência migratória.

Em sua análise, o arcebispo comparou a deterioração das condições na Síria à realidade afegã e manifestou ceticismo quanto a melhorias nas liberdades religiosas sob a administração do presidente Ahmed al-Sharaa.

Demonstrou ainda preocupação com possíveis negociações de paz envolvendo as Colinas de Golã, alertando que qualquer transferência de controle ameaçaria o abastecimento hídrico de Damasco e caracterizou tal cenário como potencial ato de “escravização”.

O lançamento do relatório da ACN incluiu uma petição pela proteção do Artigo 18 da Declaração Universal dos Direitos Humanos, que assegura a liberdade religiosa. O documento exorta governos a prestarem apoio a comunidades ameaçadas e garantirem acesso a assistência jurídica e emergencial para vítimas de perseguição.

Desde a queda do regime de Bashar al-Assad em dezembro de 2024, registra-se intensificação da violência contra minorias religiosas, incluindo cristãos, drusos e alauítas.

O Dr. Morhaf Ibrahim, presidente da Associação Alauíta dos EUA, classificou esses episódios como parte de uma “campanha de terror deliberada”, atribuindo a autoria a jihadistas estrangeiros, lealistas de Assad e milícias vinculadas ao governo interino.

Richard Ghazal, diretor executivo da organização Em Defesa dos Cristãos, alertou que a Síria está perdendo não apenas sua diversidade religiosa histórica, mas também uma “força moderadora” que possibilitava a coexistência entre diferentes grupos.

Ghazal também solicita que os Estados Unidos pressionem a liderança interina síria a adotar salvaguardas constitucionais para minorias e substitua o atual sistema de milícias por forças de segurança profissionais.

O atentado suicida de 22 de junho na Igreja de Santo Elias, em Damasco, que resultou em mais de vinte mortos durante orações dominicais, ilustra a gravidade da situação, segundo o The Christian Post.

Ghazal descreveu o episódio como reflexo de uma “realidade preocupante” que ameaça apagar dois milênios de patrimônio espiritual e cultural, incluindo locais históricos como Antioquia – onde os seguidores de Jesus foram inicialmente chamados de cristãos – e a estrada para Damasco, associada à conversão do apóstolo Paulo.

Inteligência artificial para entender a Bíblia? Especialista alerta

A integração de ferramentas de Inteligência Artificial (IA) no estudo bíblico representa uma transformação significativa em relação aos métodos tradicionais, algo que exige extrema cautela por parte dos cristãos, segundo especialista.

Embora o acesso aos textos sagrados já tenha exigido deslocamentos prolongados ou leituras sob iluminação precária em períodos anteriores, atualmente essa realidade convive com o surgimento de assistentes digitais, como a IA, que podem apresentar riscos semelhantes.

Com base nisso, especialistas alertam para a necessidade de compreensão das limitações inerentes a essas tecnologias. Salatiel Bairros, por exemplo, engenheiro de dados com especialização em Inteligência Artificial, explica que é fundamental distinguir entre o campo amplo da IA e os Modelos de Linguagem de Grande Porte (LLMs), como ChatGPT, Gemini, Llama e Claude.

“As LLM são capazes de gerar textos, estudos, interpretações, mas não conseguem fazer exegese”, afirmou Bairros. “Expressam alguma coisa parecida com isso, mas não, necessariamente, uma boa interpretação bíblica”.

O principal risco identificado pelo especialista reside no uso inadequado das ferramentas. “O objetivo da IA é gerar um texto que seja o mais provável que você quer ler. Ou seja, ela pode te levar a fazer interpretações do texto bíblico totalmente fora do seu contexto real”, alertou. Bairros acrescentou que “quem não tem uma boa base, pode ser induzido a ir para qualquer lugar”.

Quanto ao caráter não emocional das respostas geradas por IA, o especialista não identifica obstáculo substancial. “Ser frio ou não, importa pouco. O mais importante é saber pesquisar corretamente o conteúdo”, avaliou.

Dados quantitativos demonstram crescente adoção dessas ferramentas. A assistente virtual “Esperança”, desenvolvida pela Igreja Adventista do Sétimo Dia, registrou mais de 400 mil usuários desde seu lançamento, com média de 10 mil interações diárias.

O aplicativo Bible AI, desenvolvido pela empresa brasileira MR Rocco Internet, ultrapassou 50 mil downloads na versão Android, permitindo que usuários realizem perguntas e recebam respostas sobre passagens bíblicas.

Orientações para a utilização

Especialistas recomendam práticas específicas para o uso responsável dessas tecnologias:

  • Verificação sistemática da fonte do conteúdo, preferindo aplicativos vinculados a instituições reconhecidas

  • Utilização da IA como recurso complementar, não substituto da leitura bíblica direta

  • Confrontação de interpretações geradas por IA com traduções e comentários teológicos estabelecidos

  • Distinção clara entre opiniões geradas algoritmicamente e textos considerados sagrados

  • Preservação de dados pessoais durante a utilização

  • Manutenção de práticas tradicionais como leitura pessoal, estudo em grupo e orientação pastoral

Plataformas Disponíveis

Diversas aplicações especializadas encontram-se em funcionamento no mercado brasileiro:

  • Bléia: projeto experimental da Assembleia de Deus em São José dos Campos (SP)

  • Bible AI: permite questionamentos sobre personagens e temas bíblicos

  • BibleStudy: oferece chat em português para diálogo sobre textos sagrados

  • Salomão IA: inclui análise de termos originais em hebraico e grego

  • Cristão 24h: voltado para estudo ministerial e devocional

A combinação entre ferramentas tecnológicas e práticas consolidadas de estudo representa o caminho mais equilibrado, segundo analistas do setor. Com: Comunhão.

Dia das Bruxas se converte em ação evangelística para jovens

Um evento de evangelização organizado pelo movimento juvenil “Lumen Fest” reuniu mais de 1.000 jovens na capital espanhola na noite de sexta-feira, 31 de outubro. A data, tradicionalmente associada à celebração do Halloween, foi escolhida para uma ação evangelística em vários pontos emblemáticos de Madri.

Os participantes, provenientes da capital e de diversas províncias do país, dividiram-se em grupos para atividades evangelizadoras em locais como Plaza de España, Plaza Mayor, Puerta del Sol, Callao e Chueca. O evento teve início às 18 horas e prolongou-se até aproximadamente as 23 horas.

Às 20 horas da ação evangelística foi marcada por um momento de convergência quando todos os grupos se reuniram na Plaza de España para proclamação coletiva do Evangelho e adoração. De acordo com os organizadores, este ato constituiu um testemunho público de fé e unidade.

Os resultados divulgados pela organização indicam que 23 pessoas decidiram “entregar suas vidas a Jesus” durante a iniciativa. No Instagram, o movimento descreveu o evento como “um despertar” e afirmou: “Uma geração se levantando com convicção, não por emoção. Porque quando a luz de Cristo se acende em uma cidade, as trevas recuam”.

O Lumen Fest caracteriza-se como um movimento interdenominacional composto por jovens cristãos evangélicos. Seu objetivo declarado é capacitar a juventude para o evangelismo e expandir a mensagem do Evangelho para outras províncias espanholas.

Como preparação para a ação evangelística, foram realizadas sessões de treinamento em evangelismo e oração que reuniram mais de 700 pessoas dedicadas à intercessão e mais de 800 dispostas à evangelização direta nas ruas.

A organização informou que planeja novos encontros em datas significativas para a sociedade, coordenados por uma equipe que inclui evangelistas, jovens pastores e influenciadores digitais.

População em situação de rua passa de 358 mil no Brasil

Dados divulgados pelo Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com População em Situação de Rua (OBPopRua), vinculado à Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), indicam que 358.553 pessoas encontravam-se em situação de rua no Brasil em outubro deste ano.

A região Sudeste concentra o maior contingente dessa população. O estado de São Paulo registra 148.730 pessoas, sendo 99.477 somente na capital. Na sequência, aparecem Rio de Janeiro, com 33.081 indivíduos, e Minas Gerais, com 32.685. Somados, esses três estados representam aproximadamente 60% das pessoas em situação de rua no total nacional.

A região Sul também apresenta números significativos, com Paraná (17.091), Rio Grande do Sul (15.906) e Santa Catarina (11.805). Entre os estados do Nordeste e Norte com os maiores registros estão Bahia (16.603), Ceará (13.625) e Roraima (9.954).

O caso de Roraima destaca-se pelo crescimento acelerado. Embora possua uma população total reduzida, o estado supera em números absolutos o Distrito Federal, Pernambuco e Amazonas.

Boa Vista, capital com menos de 500 mil habitantes, registra um volume de pessoas em situação de rua que supera o de capitais como Brasília, Recife e Manaus, estas com populações superiores a 1,5 milhão de habitantes.

A comparação com anos anteriores evidencia a magnitude do crescimento em Roraima. Em 2018, Boa Vista contabilizava pouco mais de 1.000 pessoas em situação de rua – patamar cerca de dez vezes menor que o atual.

Esse incremento supera tanto a média nacional, que passou de 138 mil para 358 mil pessoas, quanto o da cidade de São Paulo, que elevou sua contagem de 39 mil para aproximadamente 100 mil.

Em nota, o Observatório afirmou: “O descumprimento da Constituição Federal de 1988 com as pessoas em situação de rua continua no Brasil, com pouquíssimos avanços na garantia de direitos dessa população, majoritariamente negra e historicamente tão vulnerabilizada no nosso país”.

O levantamento foi realizado com base em informações do Cadastro Único (CadÚnico), sistema que consolida registros de assistência social de municípios de todo o país. Os pesquisadores ressaltaram, no entanto, falhas na transparência dos dados.

“Os dados sobre a população em situação de rua deveriam ser públicos, abertos, transparentes e acessíveis a toda a sociedade”, alertaram. As informações foram originalmente divulgadas pela Agência Brasil.

Quase 80% dos evangélicos apoiam megaoperação no RJ

Uma pesquisa de opinião realizada pela AtlasIntel e divulgada na sexta-feira (31) indica que 77,6% dos evangélicos consultados manifestaram apoio à megaoperação policial realizada nos complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro, na semana passada.

O confronto resultou em 121 óbitos. Entre os católicos, 55,7% declararam ser contrários à ação, percentual similar ao verificado entre ateus e agnósticos (55,7%).

O presidente da Convenção Evangélica dos Ministros das Assembleias de Deus no Estado do Espírito Santo (Cemades), pastor Álvaro Oliveira Lima, afirmou que é necessário distinguir o apoio a uma operação contra o crime do apoio a um massacre.

“Vejo que a ação é para combater o crime, àqueles que aliciam e viciam as crianças, entre outras criminalidades. Então, diante desse cenário, é razoável combater o crime, pois está dentro do nosso estado democrático de direito”, declarou.

O religioso enfatizou que o policial tem o dever de agir para coibir atividades criminosas e, quando confrontado com disparos de fuzil, precisa reagir. “Se na ação legítima acontecer mortes de quem está à margem da lei, tem todo o respaldo, ordenado pelas leis já instituídas na Constituição Federal e o Código Civil”, justificou.

Questionado sobre a possibilidade de o posicionamento majoritário dos evangélicos sobre a megaoperação estar vinculado a uma visão política bolsonarista, o pastor discordou.

“Hoje em dia, a pessoa que defende os seus princípios logo é rotulada como uma defensora de ideia política. Não vejo assim”, afirmou. Lima acrescentou que, em sua avaliação, “entre escolher morrer um pai de família ou alguém que vive à margem da lei, é natural escolher a vida de um pai de família, independentemente de posição política”.

O pastor também citou passagens bíblicas para fundamentar sua perspectiva, mencionando o episódio dos amalequitas, em que, segundo o relato de 1 Samuel 15, Deus determinou a eliminação completa de um povo considerado irrecuperável. “Porque eram irrecuperáveis. Não tinha mais solução para aquele povo”, explicou.

Sobre o papel da igreja, Lima afirmou que a instituição deve atuar na prevenção da criminalidade por meio de sua missão evangelizadora. “Onde a polícia tem que entrar com o fuzil, o crente entra apenas com a Bíblia, onde o Estado não consegue chegar”, disse. “Esse é o caminho da igreja. É colocar em prática o que Jesus mandou fazer.”

A pesquisa da AtlasIntel sobre a megaoperação ouviu 1.089 pessoas em todos os estados do país. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos, com um intervalo de confiança de 95%. Com informações: Comunhão.

Deputados tentam revogar ação de Lula sobre educação inclusiva

Um grupo de 40 parlamentares da Câmara dos Deputados apresentou projetos de decreto legislativo com o objetivo de sustar os efeitos do Decreto nº 12.686/2025, que institui a Política Nacional de Educação Especial Inclusiva. A norma, firmada pelo presidente Lula (PT), estabelece a matrícula obrigatória de estudantes com deficiência exclusivamente na rede regular de ensino e redefine as atribuições de instituições especializadas.

Os autores das propostas de sustação são integrantes de partidos como PL, PSD, MDB, União Brasil, Republicanos, PSB, PP, PSDB e PDT. O objetivo das iniciativas é revogar o decreto atual e restaurar as diretrizes do Decreto nº 7.611/2011, que garantia às famílias a opção de escolha entre o ensino regular e o especializado.

Entre as entidades diretamente impactadas pela nova regra estão as Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAEs) e os Institutos Pestalozzi. Essas organizações, de atuação filantrópica e com décadas de presença no país, oferecem serviços educacionais e terapêuticos para pessoas com deficiência intelectual, múltipla ou com transtorno do espectro autista.

A deputada federal Rosana Vale (PL-SP), autora de um dos projetos, declarou que o decreto que supostamente favoreceria a educação inclusiva representa, em suas palavras, “mais um retrocesso patrocinado pelo governo petista”.

Em sua avaliação, a medida desconsidera a realidade da inclusão escolar. “As famílias sabem que a inclusão, infelizmente, em muitas escolas públicas, não funciona como está no papel”, afirmou a parlamentar. “Faltam profissionais capacitados, e as crianças acabam sem o acompanhamento adequado.”

Rosana Vale protocolou o Projeto de Decreto Legislativo (PDL) 912/2025 e uma indicação ao presidente da República, solicitando a revisão da decisão. Ela citou a existência de aproximadamente 4,2 mil unidades da APAE em todo o país, que atendem a milhares de crianças e jovens. “A verdadeira inclusão deve respeitar a pluralidade de meios e de modelos educativos”, defendeu.

Os projetos de decreto legislado foram protocolados entre os dias 22 de outubro e 3 de novembro. Além de Rosana Vale, figuram como autores deputados como Delegado Marcelo Freitas (União-MG), Amom Mandel (Cidadania-AM), Clarissa Tércio (PP-PE), Luisa Canziani (PSD-PR), Delegado Ramagem (PL-RJ) e Rosângela Moro (União-SP).

As proposições aguardam despacho da Mesa Diretora da Câmara e, subsequentemente, serão encaminhadas para a análise das comissões temáticas da Casa, responsáveis dentre às quais pela a análise da educação inclusiva, segundo a Oeste.

Cristãos devem ter coragem, diz pastor que confrontou muçulmano

O pastor Ted Barham, da denominação Evangélica dos Irmãos de Plymouth, em Dearborn, no estado de Michigan (EUA), declarou que os cristãos devem amar seus vizinhos muçulmanos e, ao mesmo tempo, permanecer firmes no mandamento de Cristo para agir com coragem diante da perseguição. A cidade de Dearborn é conhecida por abrigar a maior proporção de população muçulmana nos Estados Unidos.

“Sinto que o ódio é quase demoníaco em nosso país e em grande parte do mundo, e acho que realmente precisamos diminuir isso, defendendo nossos direitos como cristãos, em primeiro lugar; e em segundo lugar, não respondendo ao ódio com ódio, mas sim com amor”, afirmou Barham.

Conflito com o prefeito

Barham ganhou notoriedade após um embate com o prefeito Abdullah Hammoud, de 35 anos, muçulmano descendente de libaneses, durante uma reunião do conselho municipal em 9 de setembro. Hammoud chamou o pastor de “intolerante”, “racista” e “islamofóbico” depois que ele criticou a proposta de nomear ruas da cidade em homenagem a Osama Siblani, líder árabe-americano que teria elogiado o ex-comandante do Hezbollah, Hassan Nasrallah.

“Quero que saiba que, como prefeito, você não é bem-vindo aqui”, disse Hammoud durante a sessão. “E o dia em que você sair da cidade será o dia em que farei um desfile para comemorar o fato de você ter ido embora, porque você não é alguém que acredita na coexistência”.

O pastor respondeu pedindo a bênção de Deus sobre o prefeito — tanto na ocasião quanto em uma reunião posterior, em 23 de setembro, após o episódio ganhar repercussão internacional. “O prefeito, de certa forma, me amaldiçoou, como se viu no mundo todo. E eu gostaria de repetir o que lhe disse naquele dia, Sr. Prefeito: ‘Que Deus o abençoe’”, afirmou Barham diante dos vereadores.

Hammoud, que enfrenta eleições nesta semana, não se desculpou pelas declarações, embora tenha afirmado ao Detroit Free Press que parte da cobertura da imprensa foi “sensacionalista” e reiterado que Dearborn é “uma cidade que acolhe e abraça a todos”.

Dois pesos, duas medidas

Em entrevista ao The Christian Post, Barham disse que o episódio tornou-se um exemplo público do tipo de hostilidade que, segundo ele, muitos cristãos enfrentam no mundo. “Acho que esse foi um exemplo muito útil, porque os muçulmanos estão se tornando cada vez mais poderosos aqui no Ocidente”, declarou.

O pastor reconheceu o direito dos muçulmanos de exercer poder político em sociedades democráticas, mas afirmou que há “um duplo padrão” na aplicação da tolerância religiosa. “Não acho justo que os muçulmanos desfrutem de todos os privilégios que lhes concedemos em nossos países ocidentais, sem que nos concedam os mesmos privilégios e direitos em seus países muçulmanos”, disse.

De acordo com o Pew Research Center, a população muçulmana deve crescer significativamente nas próximas décadas no Ocidente, impulsionada por migração e taxas de natalidade mais altas. Barham alertou, contudo, que a liberdade religiosa corre risco se o cristianismo deixar de ser livremente expressado em suas próprias origens culturais.

Testemunho cristão

Barham, que nasceu na Zâmbia e já liderou um ministério interdenominacional em Oxford (Reino Unido), declarou que, mesmo em países ocidentais como o Reino Unido e o Canadá, não sente liberdade plena para compartilhar o Evangelho entre muçulmanos “de maneira gentil e respeitosa”. “Nos países muçulmanos, somos silenciados pela lei da Sharia; e nos países ocidentais, somos silenciados sob o insulto ‘islamofobia’. Portanto, não temos plena liberdade de fé e expressão como cristãos em nenhum lugar do mundo”, afirmou.

Ele acrescentou que, se a liberdade cristã desaparecer nos Estados Unidos, “ela desaparecerá em todos os lugares”. “Essas portas da liberdade de fé precisam se abrir nesses países, e precisamos responsabilizar as pessoas por isso. Essa é uma questão muito importante e muito urgente”, completou.

Barham relatou ter conhecido cristãos no Oriente Médio cujos familiares foram mortos por deixarem o Islã. Disse não temer por si mesmo, mas expressou preocupação pelos que enfrentam perseguição. “Estou muito consciente dos meus irmãos cristãos em todo o mundo e quero falar em nome deles”, afirmou.

“Não tenham medo”

Ao ser questionado sobre a mensagem que deixaria a outros cristãos diante de ideologias contrárias à fé, Barham respondeu: “Jesus disse: ‘Não tenham medo’. Portanto, não devemos temer. Ele disse: ‘Estarei com vocês até o fim do mundo’, e devemos nos lembrar de que Ele está conosco”.

O pastor encorajou os cristãos a exercerem seus direitos de forma sábia, citando o exemplo do apóstolo Paulo, que, segundo o relato de Atos 16, utilizou sua cidadania romana para garantir justiça diante da prisão em Filipos. “Paulo exerceu seus direitos como cidadão, e acho que nós também precisamos exercer esses direitos”, declarou.

Barham concluiu dizendo que o compromisso dos cristãos deve unir cidadania e fé. “É aqui que o mundo e o Reino se encontram: quando usamos nossos direitos como cidadãos para promover a mensagem de outro mundo — a mensagem das Boas-Novas”.